Acusações de racismo: Joe Biden já não aconselha as crianças americanas a ler os livros do Dr. Seuss - TVI

Acusações de racismo: Joe Biden já não aconselha as crianças americanas a ler os livros do Dr. Seuss

Grinch, filme de 2018

O criador de personagens como Grinch e Lorax é acusado de promover o racismo nas suas obras. Depois de muitas críticas, o Dr. Seuss foi afastado do "Read Across America" que se celebra, precisamente, no seu aniversário

O presidente norte-americano Joe Biden removeu as menções ao escritor e ilustrador Dr. Seuss do seu discurso do "Read Across America Day", uma iniciativa criada pela Associação Nacional de Educação em 1998 como uma forma de promover a leitura infantil e que, inclusivamente, se assinala a 2 de março, o dia do aniversário do autor que criou Grinch, a famosa personagem verde.

O motivo para, ao contrário dos seus antecessores, Donald Trump e Barack Obama, Biden ignorar um dos autores mais populares da literatura infantil no seu discurso não foi esclarecido pelo presidente, mas parece óbvio: nos últimos tempos, algumas obras de Dr. Seuss foram acusadas de promover o racismo.

Apesar de sempre ter sido conhecido pelos livros que promovem o ambientalismo e a tolerância, tem havido cada vez mais críticas ao modo como negros, asiáticos e outros grupos são representados em algumas das suas obras.

Depois de muitos comentários nas redes sociais, na semana passada, algumas escolas pediram aos seus professores que evitassem "relacionar o Read Across America Day com o Dr. Seuss", por causa das análises recentes que "revelaram fortes contornos racistas" em muitos dos livros do autor.

Como reação, esta terça-feira foi também anunciado que seis livros de Dr. Seuss deixarão de ser publicados por transmitirem imagens racistas ou insensíveis. “Esses livros retratam as pessoas de maneiras erradas”, disse a Dr. Seuss Enterprises em comunicado. O gato do chapéu, um dos livros mais populares de Seuss, também recebeu críticas, mas continuará a ser publicado por enquanto.

A Dr. A Seuss Enterprises ouviu e recebeu feedback do nosso público, incluindo professores, académicos e especialistas na área como parte do processo de revisão do catálogo”, lê-se no comunicado. “Suspender as vendas desses livros é apenas parte de nosso compromisso e do nosso plano mais amplo para garantir que o catálogo da Dr. Seuss Enterprises represente e apoie todas as comunidades e famílias."

Pouca diversidade e imagens estereotipadas

Os livros do Dr. Seuss - que nasceu Theodor Seuss Geisel em Springfield, Massachusetts, a 2 de março de 1904, e morreu em 1991 - foram traduzidos para mais de 30 idiomas e são vendidos em mais de 100 países. Em 1984 ele recebeu um Prémio Pulitzer. Além de Grinch, também Lorax, outra personagem criada por Dr. Seuss, se tornou famosa em todo o mundo não só por causa dos livros, mas sobretudo através do cinema. 

A polémica em torno das suas obras só começou nos últimos anos. Em 2017, o bibliotecário de uma escola em Cambridge, Massachusetts, criticou uma oferta da primeira-dama Melania Trump de dez livros de Dr. Seuss, dizendo que muitas de suas obras estavam "impregnadas de propaganda racista, caricaturas e estereótipos preconceituosos". Em 2018, o  Museu do Dr. Seuss na sua cidade natal, Springfield, removeu um mural que incluía um estereótipo asiático.

A polémica já estava lançada quando um estudo realizado em 2019 pela Conscious Kid's Library revelou que das 2.240 personagens humanas (identificadas) em 50 obras de Dr. Seuss, apenas 45 são de cor, o que representa 2% do total. 

Apesar de tudo,  Dr. Seuss continua a ser um dos autores mais populares nos Estados Unidos e a revista Forbes colocou-o em segundo lugar entre as celebridades mortas mais bem pagas de 2020, logo ao seguir ao músico Michael Jackson.

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