Ferguson: família de Michael Brown condena violência - TVI

Ferguson: família de Michael Brown condena violência

Advogado da família de jovem negro abatido por polícia contesta decisão do júri em não processar o agente. Dos distúrbios já resultaram mais de 80 detidos. Obama apela à calma e pede «resposta construtiva»

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O advogado da família de Michael Brown, o jovem negro de 18 anos abatido a tiro no dia 9 de agosto, na cidade de Ferguson, nos EUA, condenou esta terça-feira os protestos violentos e os saques que ocorreram depois de um grande júri ter absolvido o agente que abateu o rapaz. Numa conferência de imprensa, por vezes caótica, e que chegou a ser interrompida pela multidão, o mesmo advogado também contestou a decisão do júri em não processar o polícia branco, Darren Wilson, que disparou os tiros.
 
 

«Não podemos aceitar o que sentimos como completamente injusto. Opomo-nos publicamente e em voz alta enquanto pudermos – e em nome da família de Michael Brown Jr - que este processo deve ser anulado», afirmou Benjamin Crump , numa conferência de imprensa, em que a emoção esteve ao rubro.




Conferência de imprensa: advogado Benjamin Crump e Michael Brown Senior  (Foto: Reuters)



De acordo com a agência Reuters, o pai de Brown, Michael Brown Sr, tinha planeado fazer uma declaração aos jornalistas, mas desistiu da ideia. A conferência de imprensa, que decorreu na cidade de Saint Louis, foi interrompida por uma multidão e acabou sem que os pais do jovem que foi abatido tivessem falado.

Os familiares de Michael Brown, apesar de «profundamente dececionados» com a decisão judicial, já tinham dito em comunicado que «responder a violência com violência não é a resposta». A família de Michael Brown tinha feito um apelo à contenção e à calma e, ao mesmo tempo, ao ativismo numa campanha de sensibilização para garantir uma mudança legislativa no sentido de acrescentar uma pequena câmara de vídeo aos uniformes da polícia. Em comunicado, os familiares não deixaram de exprimir a «profunda desilusão pelo facto de o assassino do nosso filho não ter de enfrentar [na justiça] as consequências das suas ações».

Na mesma conferência de imprensa em Saint Louis, o ativista dos direitos civis Reverendo Al Sharpton disse que o sistema de júri foi mal empregue, no caso de Michael Brown. Sharpton acrescentou que a decisão do grande júri não acusar o agente de polícia Darren Wilson «não foi uma surpresa» e pediu uma investigação por parte do Governo federal.



Conferência de imprensa: Rev. Al Sharpton e Michael Brown Senior (Foto: Reuters) 


 
O documento oficial diz que o último disparo feito pelo polícia atingiu a cabeça de Michael Brown. O Departamento de Justiça dos EUA continua a investigar para determinar se houve possível violação de direitos humanos.


Mais de 80 detidos após distúrbios em Ferguson

Mais de 80 pessoas foram detidas na segunda-feira à noite no condado norte-americano de Saint Louis, no Estado de Missouri, na sequência dos distúrbios ocorridos após ser conhecida a decisão do grande júri que ilibou o polícia que matou a tiro o adolescente Michael Brown.

A maioria das detenções, 61, foram realizadas na cidade de Ferguson, principalmente por roubos, pilhagem e atos de violência, de acordo com a informação divulgada por um porta-voz da polícia local, Brian Schellman, citado pela agência EFE.

Também foram registadas 21 detenções na cidade de Saint Louis, indicou o presidente da câmara local, Francis Slay.

Numa conferência de imprensa improvisada, o chefe da polícia local, Jon Belmar, afirmou, esta terça-feira de madrugada, que os distúrbios agora ocorridos foram mais graves do que os registados em agosto, logo a seguir à morte do adolescente.

Não houve registo de vítimas mortais ou de feridos, mas várias lojas foram saqueadas e outras foram incendiadas. Uma dúzia de prédios e carros da polícia também foram incendiados por manifestantes.

A polícia local recorreu a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes. As forças policiais também asseguraram que foram ouvidos mais de uma dezena de tiros na zona dos protestos.


Obama pede «resposta construtiva» após tumultos 

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu esta terça-feira à noite aos norte-americanos que sejam «construtivos» no debate sobre as tensões raciais e a aplicação da lei.

Obama, que falava esta terça-feira pela segunda vez sobre o tema, disse que os manifestantes que se envolvem em atos criminosos devem ser processados.

Esta terça-feira de manhã, numa breve declaração na Casa Branca, o Presidente norte-americano tinha apelado à calma e pedido «contenção» aos manifestantes e às forças policiais. 
 


Tumultos ilustram «massivos problemas internos» dos EUA


O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa considerou, esta terça-feira, que os tumultos raciais na cidade norte-americana de Ferguson ilustram os «massivos» problemas internos nos EUA resultantes do desrespeito dos direitos humanos por Washington.

«Os últimos acontecimentos em Ferguson são outro e muito preocupante sinal para as autoridades norte-americanas indicando que já é tempo de se focarem nos massivos problemas internos, no que respeita a garantirem os direitos humanos», afirmou-se em comunicado emitido pelo Ministério.


De acordo com a AFP, estes foram os primeiros comentários dos dirigentes de Moscovo sobre os tumultos ocorridos naquela cidade norte-americana, depois da decisão judicial de não acusar um polícia branco, que matou a tiro um adolescente negro desarmado durante uma disputa em agosto.


 
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