Binyam Mohamed, o antigo prisioneiro do centro de detenção de Guantanamo libertado esta segunda-feira, queixou-se de ter sido «torturado com métodos medievais» pelo governo norte-americano, num depoimento dado através do seu advogado, noticia a Lusa.
«Atravessei uma experiência que nunca pensei encontrar nos meus piores pesadelos», confiou no texto, alegando não estar «nem fisicamente nem mentalmente capaz de enfrentar a comunicação social».
Mohamed chegou esta tarde à base militar aérea de Northolt, no noroeste de Londres, onde permanece a ser interrogado pelas autoridades britânicas, devendo depois ser reunido com a família.
Mohamed foi detido pela primeira vez em 2002 no Paquistão, tendo sido transferido para Marrocos, Afeganistão e finalmente Guantánamo, há cerca de quatro anos.
De nacionalidade etíope, Binyam Mohamed residia no Reino Unido, cujos serviços secretos acusa de terem enviado perguntas e informações àqueles que o mantiveram em cativeiro.
«Tenho a dizer que, com maior tristeza do que fúria, que muitos foram cúmplices com os horrores que passei nos últimos sete anos», lamentou.
O seu regresso foi saudado pelo presidente da Fundação Ramadão, Mohammed Shafiq, que se mostrou chocado com o alegado envolvimento do governo britânico.
«Há uma necessidade urgente de um inquérito público aberto», reivindicou.
O primeiro-ministro, Gordon Brown, não revelou sobre se o ex-prisioneiro poderá ficar a residir no Reino Unido.
«O que posso dizer é que a segurança do país será protegida», prometeu.
Guantánamo: tortura com «métodos medievais»
- Redação
- HB
- 23 fev 2009, 18:20
Ex-detido assegura ter passado por «horrores» no centro de detenção norte-americano em Cuba
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