A coligação de luso-americanos na Califórnia (CPAC, na sigla em ingês) avançou com o processo de constituição de um comité de ação política para promover os interesses da comunidade e apoiar candidaturas de origem portuguesa.
O objetivo da coligação é que este o comité de ação política (PAC, na sigla em inglês) seja aprovado a tempo de exercer influência nas eleições intercalares de 6 de novembro nos Estados Unidos, disse à Lusa o presidente da CPAC, Diniz Borges.
Com um PAC estabelecido, será possível à coligação "ter atividade de angariação de fundos para depois contribuir para os candidatos", disse Diniz Borges, sublinhando que a organização é apartidária e pretende apoiar candidaturas de luso-descendentes independentemente das cores políticas.
O foco estará nas eleições locais, explicou o responsável, já que a CPAC quer também "incentivar mais luso-descendentes a concorrerem para cargos públicos na Califórnia".
A comunidade "não tem tido uma forte presença política em Washington ou mesmo em Sacramento", afirmou Diniz Borges, pelo que a ideia será "começar por apostar a nível local".
Esta será uma suborganização em conformidade com as leis eleitorais da Califórnia, já que a CPAC não tem fins lucrativos e "não pode ter uma ação direta nas campanhas", o que significa que está impedida de "contribuir para um candidato de origem portuguesa", sublinhou.
A coligação está a fazer um inventário dos oficiais luso-americanos eleitos no Estado, que neste momento contabiliza 88, "desde câmaras municipais a direções escolares."
A nível estadual e nacional, há três políticos lusos eleitos nesta região: David Valadão, Jim Costa e Devin Nunes, nenhum dos quais chegou ao poder "com os votos dos portugueses", que nesses distritos representam menos de 5% da população.
Diniz Borges reconheceu que já se veem mais luso-descendentes a candidatarem-se e exemplificou com Zachery Ramos, jovem de 19 anos candidato a 'mayor' na cidade de Gustine.
O "atual clima político da América" está a atrair pessoas que nunca tinham pensado candidatar-se "e isso é bom", mas os luso-descendentes "ainda não estão muito vocacionados para a participação política", considerou.
A iniciativa do PAC é inspirada noutros grupos étnicos, que embora tenham menor expressão populacional, como a comunidade greco-americana, estabeleceram grupos de pressão.
A comunidade portuguesa pouco a pouco começa a consciencializar-se que é muito bom ter as festas e os eventos recreativos, mas também há que investir um bocadinho na nossa presença política", afirmou o presidente.
"Somos riquíssimos em associações culturais, desportivas e romarias em cada esquina, mas não tínhamos uma organização que estivesse vocacionada a nível do estado da Califórnia para o envolvimento político", disse, explicando o motivo para a constituição da CPAC em 2016 e do comité de ação política em preparação.
Para a comunidade "ter outra relevância no futuro" é preciso "passar a ter um grupo de pressão, um grupo de lóbi em Sacramento", a capital daquele estado norte-americano.
Uma maior participação política lusa trará mais atenção a questões importantes para a comunidade, como o ensino de língua portuguesa e as licenças que são dadas para fazer festas e romarias.