Daqui a 14 dias, quando a demissão do atual governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, se tornar efetiva, Kathy Hochul assumirá o seu lugar. A atual vice-governadora, uma democrata de 62 anos e ex-membro do Congresso, vai ser a 57ª governadora do estado e a primeira mulher a ocupar o cargo.
“Kathy Hochul, minha vice-governadora, é inteligente e competente”, disse Cuomo na conferência de imprensa, após anunuciar a demissão. “A transição deve ser perfeita. Temos muita coisa a acontecer. Estou muito preocupado com a variante Delta, e vocês também deveriam estar, mas ela vai entrar e rapidamente vai ficar a par de tudo.”
Logo a seguir, chegava uma declaração de Kathy Hochul, na qual apoiava a demissão de Cuomo: “É a decisão mais acertada e no melhor interesse dos nova-iorquinos”, disse. “Tendo servido em todos os níveis de governo e sendo a próxima na linha de sucessão, estou preparada para liderar como o 57º governador do Estado de Nova Iorque."
I agree with Governor Cuomo's decision to step down. It is the right thing to do and in the best interest of New Yorkers.
As someone who has served at all levels of government and is next in the line of succession, I am prepared to lead as New York State’s 57th Governor.
— Kathy Hochul (@LtGovHochulNY) August 10, 2021
Apesar de, até aqui, se ter mantido um pouco afastada da ribalta, Kathy Hochul tem muita experiência e um conhecimento profundo do estado de Nova Iorque. Faz questão de, todos os anos, visitar os 62 condados que o compõem e orgulha-se de ter amigos em todos eles. Segundo o "The New York Times", nos vários gabinetes onde já trabalhou, Hochul consegue a proeza de ser "determinada" e de conseguir implementar as reformas que idealiza e, ao mesmo tempo, ser popular entre os seus colaboradores. O jornal revela que a vice-governadora já está a preparar esta transição há algumas semanas: está a estudar os dossiers mais importantes e tem se reunido com alguns conselheiros.
Oriunda de Buffalo, Nova Iorque, Hochul cresceu numa família católica e com poucas possibilidades económicas. Estudou Direito na Universidade de Siracusa e depois em Washington. Antes de se dedicar a tempo inteiro à política, trabalhou no M&T Bank, foi advogada num escritório em Washington e foi assessora jurídica de dois ex-políticos democratas de Nova Iorque, o senador Daniel Patrick Moynihan e o deputado federal John Joseph LaFalce.
Depois, e durante 18 anos, dedicou-se à política local, já em Nova Iorque, incluindo 14 anos como vereadora de Hamburg Town e depois quase quatro anos no condado de Eric.
Definindo-se como uma "democrata independente" e claramente com uma tendência mais conservadora, Hochul passou gradualmente a apoiar posições cada vez mais progressistas.
Em 2006, fundou, juntamente com a sua mãe e a sua tia, uma casa-abrigo, em Buffalo, para vítimas de violência doméstica chamada Kathleen Mary House. A avó de Kathy Hochul foi vítima de violência doméstica e isso levou ao ativismo da família sobre este problema.
Em 2011 chegou ao Congresso norte-americano através de uma eleição especial como primeira representante democrática do distrito de Nova Iorque. Aí, apresentou uma proposta de lei que obrigava a que as roupas esquecidas nos aeroportos e nunca reclamadas fossem entregues a organizações de veteranos e sem-abrigo. Mas acabou por não ser reeleita em 2012.
Kathy Hochul foi eleita como vice-governadora de Nova Iorque, ao lado de Cuomo, em 2014, e foi reeleita em 2018.
Foi ela, por exemplo, que liderou a iniciativa "Enough is Enough" para combater a agressão sexual nos campus universitários. Entre as suas batalhas políticas encontram-se o aumento do salário mínimo no estado de Nova Iorque e a pressão para que a lei estadual preveja a licença paga para apoio à família, a defesa dos direitos dos imigrantes ilegais e o combate contra a toxicodependência.
No entanto, Hochul manteve-se sempre na sombra e raramente aparecia em eventos públicos ao lado de Andrew Cuomo, o que, neste momento, é claramente uma vantagem. Desde que surgiram as primeiras acusações de assédio sexual contra o governador, Kathy Hochul nunca tentou defender Cuomo e sempre se manifestou publicamente a favor da descoberta da verdade.
With yesterday’s announcement launching the independent investigation led by Joon H. Kim and Anne L. Clark, I am confident everyone’s voice will be heard and taken seriously. 1/2
— Kathy Hochul (@LtGovHochulNY) March 9, 2021