Sem “um cêntimo no bolso”, fingiu ser herdeira de milhões para viver o “glamour de Nova Iorque” - TVI

Sem “um cêntimo no bolso”, fingiu ser herdeira de milhões para viver o “glamour de Nova Iorque”

  • JFP
  • 10 mai 2019, 12:06
Anna Delvey

Enganou bancos e hotéis, contratou serviços de alta gama, tinha um jato privado, ia a festas de elite e ainda morava, pelo menos há quatro anos, num luxuoso quarto de hotel. Tribunal de Manhattan condenou a alemã a pena de prisão e pagamento de multa

Anna Sorokin, uma alemã de 28 anos, passou os últimos anos a viver em Nova Iorque sob o nome Anna Delvey, fingindo ter à sua disposição uma herança multimilionária num esquema que lhe permitia viver luxuosamente na cidade norte-americana.

Enganou bancos e hotéis, contratou serviços de alta gama, tinha um jato privado, ia a festas de elite e ainda morava, pelo menos há quatro anos, num luxuoso quarto de hotel.

Contudo, e de acordo com os procuradores, Anna “não tinha um cêntimo no bolso”.

Foi descoberta e dada como culpada em abril e condenada esta quinta-feira a passar pelo menos quatro anos na prisão.

Peço desculpa pelos erros que cometi”, afirmou a alemã minutos antes de conhecer a sentença, escreve a BBC.

Anna usou a identidade falsa, de acordo com os documentos do tribunal, para fingir ser uma herdeira alemã de 53.5 milhões de euros em ativos para obter empréstimos, um deles de quase 20 milhões de euros para uma fundação em seu nome.

A verdade é que Anna não era herdeira e o seu pai, um camionista reformado, tinha apenas um pequeno negócio de máquinas de refrigeração.

Para obter dinheiro, apresentava extratos bancários falsos e depositava cheques sem fundo, levantando os montantes antes que o banco detetasse que não havia depósitos ativos.

Todd Spodek, o advogado de defesa de Anna, disse em tribunal que a mulher “ganhava tempo” enquanto trabalhava para pagar as dívidas.

O advogado acrescentou que não havia intenção criminosa, alegando que Anna era uma empreendedora ambiciosa.

Já a acusação sublinha que Anna, num só mês, gastou quase 50 mil de euros num hotel de luxo, roupa sofisticada, sessões de personal trainer e produtos da Apple, entre outras despesas pessoais, apresentando “quase nenhuns remorsos” sobre estes gastos.

Depois de um mês de julgamento, o júri deduziu oito acusações à alemã. Mesmo para a sentença, Anna mostrou-se preocupada com a imagem e contratou uma consultora de moda para a vestir.

A juíza Diane Kiesel rejeitou a justificação da defesa, que argumentou que Anna estava meramente a tentar entrar no espirito nova-iorquino. Disse Kiesel, por sua vez, que a alemã estava cega pela luz da fama e da ilusão.

Ela estava cega pelo brilho e glamour da cidade de Nova Iorque”, frisou a juíza.

O tribunal condenou assim a mulher por ter roubado mais de 178 mil dólares.

Anna recusou um acordo com a justiça americana, podendo agora ser deportada para a Alemanha.

Foi sentenciada esta quinta-feira, no Supremo Tribunal de Manhattan, a uma pena de prisão que pode ir de quatro a 12 anos, um período que dependerá do comportamento da condenada.

Além da pena de prisão, foi ainda condenada ao pagamento de uma multa de 21.374 euros e à restituição de 177.229 euros.

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