O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na quarta-feira que pediu à Turquia o vídeo e o áudio relacionados com o desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi “caso existam”.
De acordo com alguns meios de comunicação turcos e norte-americanos, Ancara tem gravações vídeo e áudio que provam que Khashoggi foi morto no consulado da Arábia Saudita em Istambul.
Donald Trump lembrou que a Arábia Saudita é uma aliada importante dos Estados Unidos, destacando que o país é um cliente relevante nas exportações militares norte-americanas.
O presidente norte-americano disse ainda acreditar que no final desta semana se saberá o que aconteceu ao jornalista saudita Jamal Khashoggi.
As autoridades dos Estados Unidos garantem que estão a levar o desaparecimento de Khashoggi “muito a sério”, mas Trump diz que não envolveu a polícia federal na investigação porque o jornalista não é um "cidadão americano".
Os senadores democratas pediram para que o republicano Donald Trump torne públicas as suas relações financeiras com a Arábia Saudita, preocupados com um alegado “conflito de interesses” em relação ao caso de Jamal Khashoggi
O presidente dos EUA garantiu, através da rede social Twitter, que não tinha interesses financeiros na Arábia Saudita, considerando que sugerir essa possibilidade é “uma informação falsa”.
For the record, I have no financial interests in Saudi Arabia (or Russia, for that matter). Any suggestion that I have is just more FAKE NEWS (of which there is plenty)!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 16, 2018
Polícia turca termina buscas à residência do cônsul saudita
A polícia turca terminou esta quinta-feira de madrugada as buscas à residência do cônsul saudita em Istambul.
O canal de televisão da Turquia NTV emitiu imagens dos agentes da unidade de investigação que abandonavam a casa por volta das 05:00 (02:00 em Lisboa) transportando caixas de cartão e sacos.
As autoridades turcas efetuaram na passada segunda-feira uma busca ao consulado que se prolongou durante nove horas. O consulado fica localizado a 200 metros da residência do cônsul.
A autorização de Riade para que pudessem ser efetuadas buscas na residência do diplomata só foi emitida na noite de terça-feira, no mesmo dia em que o cônsul Mohamed Otaibi abandonou a Turquia com destino à Arábia Saudita.
No dia 2 de outubro, Jamal Khashoggi, foi visto a entrar no edifício do consulado saudita em Istambul, onde ia pedir documentação para o seu casamento com uma cidadã turca, e não chegou a sair.
O diário The New York Times e a estação televisiva CNN noticiaram na segunda-feira que a Arábia Saudita planeia reconhecer que o jornalista morreu sob a sua custódia no consulado, numa operação cujo controlo lhe escapou, um interrogatório que "correu mal", mas que tentará distanciar dos acontecimentos a cúpula do reino.
Segundo o diário nova-iorquino, cinco dos supostos 15 envolvidos no caso são próximos do príncipe herdeiro.
Na terça-feira, a CNN noticiou, citando uma fonte turca, que Jamal Khashoggi foi mesmo assassinado dentro do consulado saudita de Istambul há duas semanas e que o seu corpo foi depois desmembrado para ser retirado do edifício.
A polícia turca iniciou na quarta-feira buscas à residência do cônsul saudita, Mohammad Al-Otaibi, que, segundo a imprensa turca, estava presente no consulado quando Khashoggi foi morto, e que abandonou Istambul na terça-feira à tarde com destino a Riade.
Jamal Khashoggi, um crítico do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, era colaborador do Washington Post e vivia nos Estados Unidos desde 2017.
O Washington Post já anunciou que vai publicar uma coluna de Khashoggi, na qual o jornalista analisa a importância da liberdade de imprensa no Médio Oriente.