Alemanha diz que países europeus ponderam acolher até 1.500 crianças migrantes - TVI

Alemanha diz que países europeus ponderam acolher até 1.500 crianças migrantes

  • AM
  • 9 mar 2020, 08:14
Migrantes na fronteira entre a Turquia e a Grécia

Anúncio ocorre no dia em que o chefe de Estado turco é esperado em Bruxelas para conversar com autoridades da UE sobre a situação dos migrantes na fronteira turco-grega

Uma coligação de "países voluntários" da UE planeia acolher até 1.500 crianças migrantes atualmente retidas nas ilhas gregas, uma medida de "apoio humanitário", anunciou de madrugada o Governo alemão.

O anúncio ocorre no dia em que o chefe de Estado turco é esperado em Bruxelas para conversar com autoridades da UE sobre a situação dos migrantes na fronteira turco-grega.

"A nível europeu, atualmente estão em curso negociações sobre uma solução humanitária com o objetivo de organizar o atendimento a essas crianças como parte de uma 'coligação de voluntários'", sublinhou o Governo alemão em comunicado, sem especificar os nomes dos países envolvidos.

"Queremos apoiar a Grécia a lidar com a difícil situação humanitária de mil a 1.500 crianças que se encontram nas ilhas", acrescentaram aos partidos que formam a coligação governamental, após uma reunião que durou várias horas e começou no domingo à noite.

"São crianças que, devido a uma doença precisam urgentemente de cuidados, ou crianças desacompanhadas com menos de 14 anos, a maioria meninas", de acordo com a mesma nota.

Os partidos de esquerda na Alemanha pressionam há vários dias a Europa e o Governo alemão, em particular, tomem medidas para se garantir o acolhimento das crianças retidas na Grécia ou que procuram atravessar a fronteira turco-grega.

Algumas autoridades do partido conservador da chanceler alemã, Angela Merkel, no entanto, expressaram ceticismo nos últimos dias, temendo enviar "um sinal" aos migrantes de que seriam novamente bem-vindos na Alemanha.

O país recebeu mais de um milhão de migrantes após a crise em 2015, que criou uma grande turbulência política no país e enfraqueceu Merkel e fez crescer a oposição, especialmente a extrema-direita.

Milhares de migrantes tentam atravessar a fronteira entre a Turquia e a Grécia desde que o presidente turco anunciou em 29 de fevereiro que havia deixado de respeitar um acordo de março de 2016 com a UE, no qual se previa a permanência de migrantes na Turquia, em troca de apoio financeiro europeu a Ancara.

Na quinta-feira, as autoridades gregas anunciaram que mais de 1.700 de migrantes chegaram às ilhas gregas, incluindo menores, além dos 38 mil já presentes, o que superlotou os campos de refugiados, em condições cada vez mais precárias.

A situação tensa despertou na Europa a memória da crise migratória de 2015.

No entanto, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, enviou um sinal de apaziguamento ao ordenar que as guardas costeiras evitem que os migrantes cruzem o Mar Egeu.

Erdogan apelou também no domingo à Grécia para que esta abra as fronteiras aos migrantes e os deixe passar para outros países da Europa, durante um discurso televisivo.

"Ei, Grécia! Lanço-te um apelo, abre também as tuas portas e liberta-te desse fardo", disse Recep Tayyip Erdogan sobre os milhares de pessoas que atualmente tentam atravessar a fronteira da Turquia para a Grécia.

Num discurso televisivo citado pela agência de notícias France-Presse, o chefe de Estado turco apelou ao país vizinho que deixasse passar as pessoas "para outros países europeus".

No sábado, as autoridades gregas lançaram gás lacrimogéneo contra migrantes que tentavam derrubar uma cerca para atravessar a fronteira entre a Turquia e a Grécia, enquanto outros atiravam pedras à polícia, causando pelo menos dois feridos.

No mesmo discurso, Erdogan confirmou também que se deslocará hoje a Bruxelas para discutir a questão das migrações com responsáveis da UE.

"Terei um encontro com os responsáveis da UE amanhã [hoje] na Bélgica", disse o presidente turco, acrescentando esperar "voltar da Bélgica com resultados diferentes".

Continue a ler esta notícia