Mais de 100 mil orangotangos foram mortos desde 1999 na ilha do Bornéu, no sudeste asiático, segundo uma investigação de 16 anos. O relatório foi publicado no jornal científico Current Biology, nesta quinta-feira.
A desflorestação e tudo o que a envolve – produção de madeira, óleo de palma, minerais e papel - está na origem da morte destes mamíferos. O fenómeno, por si só, será capaz de exterminar 45 mil orangotangos nos próximos 35 anos.
Mas o estudo também concluiu que os animais estão a desaparecer da própria floresta.
Segundo Maria Voigt, do Instituto Max Planck para a Antropologia Evolucionista, na Alemanha, e uma das investigadoras, os orangotangos estão a ser mortos por caçadores furtivos ou proprietários de terras, que os animais invadem.
Em entrevista à BBC, Serge Wich, professor na Universidade John Moores de Liverpool e um dos participantes na investigação, defende que é preciso mais ação por parte dos governos da Malásia e da Indonésia, para que se consiga contrariar o ataque deliberado a esta espécie ameaçada.
É chocante e preocupante. Os orangotangos podem comer a fruta dos comerciantes, mas não são perigosos”, disse Serge Wich, considerando, ainda, que "a caça permanece o maior problema”.
Emma Keller, membro da associação de conservação de espécies WWF, acredita que o principal objetivo no momento tem de ser acabar por completo com a desflorestação.
No entanto, os investigadores deixam o aviso: para além de cuidar das florestas, é importante cuidar também dos animais.
Temos de proteger os animais, para que não acabemos com uma floresta que está bem, mas que não tem qualquer orangotango”, ressalvou Wich.