Zika: Laura tem microcefalia, mas o irmão gémeo não - TVI

Zika: Laura tem microcefalia, mas o irmão gémeo não

A microcefalia ainda permanece "às escuras" e há muito para conhecer sobre a doença causada pelo vírus Zika. Estudo norte-americano revela que risco de microcefalia nos fetos pode chegar aos 13%

Lucas e Laura nasceram em novembro de 2015, em São Paulo, no Brasil e são irmãos gémeos. Laura tem microcefalia, causada pela infeção do vírus Zika, e Lucas não. Jaqueline Oliveira, mãe dos gémeos e contaminada pelo vírus Zika, contou à agência Reuters que, durante a gravidez, um exame ultra-som detetou malformações na cabeça e atrasos no desenvolvimento de Laura, dois dos indícios de microcefalia. 

Quando eu descobri que um deles tinha microcefalia o chão caiu fora abaixo de mim", disse a mãe dos bebés. 

Por que é que uns bebés nascem com microcefalia e outros não? Novos dados de um estudo norte-americano revelam que o risco de microcefalia em fetos pode chegar aos 13%. 

Um feto infetado com o vírus Zika corre um risco de desenvolver microcefalia entre 1 e 13% durante o primeiro trimestre de gravidez, de acordo um estudo publicado na revista New England Journal of Medicine e baseado em estatísticas de infeções por vírus Zika e de casos de microcefalia na Polinésia Francesa e no Brasil. 

A microcefalia é uma doença marcada pela malformação congénita irreversível, que se traduz em bebés que nascem com o crânio mais pequeno do que o normal e com um desenvolvimento cerebral incompleto. 

Os investigadores dos centros de controlo de doenças e da Universidade de Harvard revelam que existe uma relação muito forte entre uma infeção pelo vírus Zika, durante o primeiro trimestre da gravidez, e o risco de microcefalia no feto.

A relação entre o vírus e a microcefalia é preocupante, segundo os autores do estudo, que esperam inúmeros casos da doença em outras áreas geográficas:  

Se o risco de infeção pelo Zika nas mulheres grávidas e de microcefalia nos fetos que carregam é semelhante noutras zonas geográficas onde o vírus ainda não está propagado, podemos esperar muitos casos de microcefalia e outros efeitos cerebrais nefastos."

Microcefalia no Brasil

O Brasil foi duramente atingido por uma epidemia do vírus Zika, acompanhada de um aumento do número de casos de microcefalia. 

Há registo de cerca de 3.600 grávidas infetadas pelo Zika desde janeiro. Desde o início da epidemia em 2015 contam-se mais de 1.400 casos de microcefalia e de outros problemas neurológicos confirmados.

Por norma, a microcefalia é uma doença rara, verificando-se em 0,02 a 0,12% dos nascimentos nos Estados Unidos. A frequência de outras malformações de nascença mais habituais, como a trissomia 21, é inferior a 1%.

Esta é a primeira estimativa de risco de microcefalia em fetos de mulheres que foram infetadas durante a atual epidemia.O Brasil, onde o Zika é maioritariamente transmitido por mosquitos, é o país, até à data, mais afetado pelos casos de microcefalia.

 
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