Vários sobreviventes do massacre numa escola de Parkland, na Florida, têm respondido com palavras duras ao presidente dos EUA, que aproveitou a tragédia para criticar os democratas e o FBI, através do Twitter.
Um dos estudantes que sobreviveu ao ataque armado que fez 17 mortos na semana passada acusou o presidente de estar a dividir os norte-americanos sobre a questão do controlo de venda e posse de armas.
Você é o presidente. A sua função é manter o país unido e não dividir as pessoas”, disse David Hogg, 17 anos, ao programa “Meet the Press”, referindo-se às mensagens difundidas pelo chefe de Estado norte-americano através da rede social Twitter no domingo.
No texto da mensagem, o presidente afirmava que os democratas nunca fizeram aprovar qualquer medida sobre o assunto, na altura em que controlavam o Congresso e o Senado.
Trump, que utiliza o Twitter para difundir mensagens sobre assuntos de Estado, referiu-se também ao FBI, acusando as autoridades de terem falhado por não terem considerado as denúncias que indicavam que o atirador era um indivíduo perigoso.
Just like they don’t want to solve the DACA problem, why didn’t the Democrats pass gun control legislation when they had both the House & Senate during the Obama Administration. Because they didn’t want to, and now they just talk!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) February 17, 2018
Very sad that the FBI missed all of the many signals sent out by the Florida school shooter. This is not acceptable. They are spending too much time trying to prove Russian collusion with the Trump campaign - there is no collusion. Get back to the basics and make us all proud!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) February 18, 2018
Como se atreve? As crianças estão a morrer e o sangue delas está nas suas mãos. Por favor, é preciso agir”, acrescentou o estudante David Hoggs, dirigindo-se a Donald Trump, acrescentando que tem medo de regressar às aulas enquanto não forem tomadas medidas efetivas sobre o controlo sobre a venda e posse de armas nos Estados Unidos.
Por outro lado, durante o fim de semana, foram publicadas várias notícias sobre interferências da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016.
Os estudantes da Flórida acusam, por isso, o presidente de estar a tentar evitar a questão que atinge as ligações com a Rússia, com mensagens sobre a questão das armas.
"17 colegas meus morreram. São 17 futuros, 17 crianças e 17 amigos roubados. Mas vocês tem razão, tem sempre de ser sobre si. Que parvoíce a minha ter-me esquecido", escreveu outro sobrevivente no Twitter.
"17 pessoas inocentes foram assassinadas brutalmente na minha escola, um local onde deviam sentir-se seguras. As suas vidas foram-se num instante. Você é o presidente dos Estados Unidos e tem a audácia de desviar isto para a Rússia como desculpa. Acho que já o devia esperar, vindo de si", diz outra mensagem.
"Oh meu Deus. 17 dos meus colegas e amigos morreram e você tem a audácia de tornar isto um assunto sobre a Rússia???!! Tenha um maldito coração. Pode ficar com os seus falsos e sem sentido pensamentos e orações", acrescenta ainda outra aluna.
Mesmo assim, e depois de 48 horas de indignação demonstrada pelos sobreviventes do ataque à escola de Parkland, a Casa Branca anunciou que Trump vai conceder uma audiência “a estudantes na quarta-feira e vai encontrar-se com autoridades federais e locais na quinta-feira”.
Entretanto, os estudantes da escola secundária de Parkland anunciaram a realização de uma marcha nacional e uma concentração em Washington, no dia 24 de março, para pedirem um maior controlo sobre a venda de armas.
Na passada quarta-feira, o jovem Nikolas Cruz, matou a tiro 14 estudantes e três professores na escola secundária de Parkland.