Quem é Nikolas Cruz, que ontem invadiu a Escola Secundária Marjory Stoneman Douglas, em Parkman, na Florida e matou 17 pessoas? Um ex-aluno daquele estabelecimento, obcecado por armas, que já tinha sido expulso da escola pelo menos duas vezes: a primeira por, lá está, ter balas consigo na mochila; depois, no ano passado, aparentemente por ter feito ameaças na escola.
Já foi interrogado, durante várias horas, pelas autoridades estaduais e federais e ficou em prisão preventiva, por suspeita de 17 crimes de homicídio qualificado.
Tanto o historial escolar como familiar deste jovem de 19 anos são complicados. Na escola, era um adolescente problemático com poucos amigos e o seu interesse obsessivo por armas levou a administração a considerá-lo uma ameaça potencial.
"Tudo do que ele falava eram armas, facas e caça", contou um ex-colega, Joshua Charo, 16 anos, ao Miami Herald.
Não posso dizer que fiquei chocado. Pelas experiências passadas, ele parecia ser o tipo de criança que faria algo assim".
A verdade é que muita gente dizia que, se alguém o poderia fazer [um tiroteio], essa pessoa seria Cruz", disse outro estudante ao canal local WJXT.
Chegou a destruir uma janela da escola, quando ainda a frequentava. Teve problemas com as raparigas, quase não tinha amigos. Brandon Minoff, um dos alunos mais velhos da escola, afirmou à CNN que, apesar de estar sempre muito fechado sobre si mesmo, Nikolas "quando tinha oportunidade, gostava de conversar". Mas assume: "Sempre me pareceu muito calmo e estranho".
Contou-me como foi expulso de duas escolas privadas. Ele reprovou duas vezes. Tinha aspirações de se juntar ao exército. Gostava de caçar".
Vangloriava-se nas redes sociais
Recentemente, tinha publicado mensagens "muito, muito inquietantes" nas redes sociais, segundo o xerife do condado de Broward, Scott Israel, não detalhando o seu conteúdo. A CNN fala em publicações relacionadas com, lá está, armas e violência.
Comentários ameaçadores em vídeos no YouTube e em outros sites, incluindo "Quero disparar sobre pessoas com a minha AR-15" ou "Um dia vou matar polícias, eles vão atrás das pessoas boas".
Na sua página de Instagram, ainda segundo o canal norte-americano, terá publicado a foto de uma espingarda e outra de uma arma BB. Noutras fotos, ele teria o rosto coberto cm um lenço, erguendo facas.
Terá frequentado um programa de treino militar junior e é caçador, segundo fontes do Pentágono citadas pela France Press. Comprou, pelo que se sabe, uma arma de forma legal, sendo que na casa onde vivia estava obrigado a tê-la fechada à chave num armário.
Donald Trump expressou, no Twitter, as condolências às famílias das vítimas. O presidente norte-americano, recorde-se, opõe-se firmemente a qualquer restrição à posse de armas de fogo.
Contexto familiar difícil
Foi há um ano que foi expulso da Stoneman Douglas. A sua mãe adotiva, Lynda Cruz, morreu em novembro passado. Nikolas e o irmão, Zachary, ficarão órfãos. O pai, Roger Cruz, morreu já há dez anos, de ataque cardíaco.
Barbara Kumbatovich, uma ex-cunhada da mãe adotiva, garante que "ela fez o melhor que pôde".
Eles foram adotados e tiveram alguns problemas emocionais.
Com a morte da mãe, na sequência de uma gripe que derivou em pneumonia, o jovem foi viver para o norte da Florida com a família de um amigo e estava a estudar no instituto Broward.
"Ofereceram-lhe uma casa e tentaram ajudar o garoto, porque ele realmente não tinha outro lugar para ficar", contou também Jim Lewis, advogado de Lauderdale que representa a família.
Ataque premeditado
Na quarta-feira, voltou à escola onde estudou e atirou sobre quem lhe apareceu à frente. Estava armado com uma AR-15. Segundo a CNN, os investigadores acreditam que conseguir ativar o alarme de incêndio para que as pessoas viessem para fora e, assim, conseguir matar mais gente.
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Revelou ter consciência do que queria, ao que ia e conhecia muito bem o estabelecimento. Entrou a disparar logo a partir da rua, cara tapada, lançando bombas de fumo pelo caminho, para conseguir assim ativar o alarme. Acabou por ser identificado nas câmaras do estabelecimento de ensino e foi detido pela polícia, sem oferecer resistência.
A família que acolheu o rapaz está a colaborar com a investigação e voluntariamente deixou as autoridades fazerem buscas na sua residência, segundo o advogado.