Moçambique: confrontos continuam e ruas estão vazias em Mocímboa da Praia - TVI

Moçambique: confrontos continuam e ruas estão vazias em Mocímboa da Praia

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  • 17 ago 2020, 13:37
Forças armadas de Moçambique

Tensão aumenta entre as forças governamentais moçambicanas e os insurgentes

Os confrontos entre as forças governamentais moçambicanas e os insurgentes continuam na vila sede de Mocímboa da Praia, praticamente vazia após vários ataques de grupos armados na última semana, disseram à Lusa fontes do exército.

"As confrontações continuam e a região está praticamente abandonada. Boa parte da pouca população que ainda estava no local fugiu", disse à Lusa fonte do exército moçambicano.

Nos últimos sete dias, os insurgentes realizaram ataques sequenciados às aldeias de Anga, Buji, Ausse e à vila sede de Mocímboa da Praia (norte de Moçambique), e, segundo dados das forças governamentais avançados na última semana, pelo menos 59 "terroristas" morreram em operações de resposta das forças governamentais.

Na quarta-feira, os grupos armados invadiram o porto de Mocímboa da Praia e os confrontos deixaram um número desconhecido de mortos, incluindo elementos das forças governamentais, segundo informações avançadas à Lusa por uma fonte do exército.

Várias infraestruturas foram vandalizadas e, neste momento, as linhas de comunicação também estão interrompidas.

"Praticamente quem está lá não tem contacto com o mundo exterior", avançou outra fonte militar, que acrescenta que estão em curso várias operações de reforço das Forças de Defesa e Segurança.

Devido à sua proximidade, a ilha de Ibo e o distrito de Palma estão entre os principais refúgios para as populações que vivem em Mocímboa, mas há quem prefira mesmo fugir para a capital provincial (Pemba), a pouco mais de 300 quilómetros.

Um residente de Mocímboa da Praia que se refugiou há meses em Pemba disse à Lusa que várias pessoas continuam a chegar à capital provincial, parte delas provenientes de distritos de Mocímboa da Praia.

"Há muitas pessoas desaparecidas e o receio de todos nós é que os nossos familiares tenham morrido no meio dos confrontos", declarou.

Na quinta-feira, o ministro da Defesa de Moçambique, Jaime Neto, disse que os grupos armados estão infiltrados nas comunidades e a comandar ataques contra a vila a partir das instalações portuárias.

"O inimigo infiltrou-se em diversos bairros, trajado à civil e beneficiando de várias cumplicidades, atacando a vila de dentro para fora, causando destruição, saques e assassinato de cidadãos indefesos, com manobras de sabotagem e ataques a meios navais de socorro a partir do porto de Mocímboa da Praia", disse o ministro da Defesa, que afirmou, no entanto, que "os insurgentes não controlam nenhum ponto".

Mocímboa da Praia é uma das principais vilas da província, situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.

A vila tinha sido invadida e ocupada durante um dia por rebeldes em 23 de março, numa ação depois reivindicada pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, e foi, em 27 e 28 de junho, palco de longos confrontos entre as forças governamentais e os grupos insurgentes.

A província de Cabo Delgado está sob ataque desde outubro de 2017 por insurgentes, classificados desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como ameaça terrorista.

De acordo com as Nações Unidas, a violência armada levou à fuga de 250.000 pessoas de distritos afetados pela insegurança, mais a norte da província.

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