Justin Welby afirmou que a reação aos ataques foi "primeiro de choque e de horror e depois de profunda tristeza", especialmente porque ele e a mulher terem vivido durante cinco anos na capital francesa.
"Vivemos ali momentos muito felizes. Ver aquele lugar de celebração da vida sucumbir a tamanho sofrimento é de partir o coração completamente", revelou.
O primado da Igreja Anglicana lembrou que começou a duvidar da presença de Deus na manhã seguinte ao ataque.
"No sábado pela manhã, estava fora de casa e enquanto caminhava, rezava e dizia: ‘Meu Deus, por que é que isso está a acontecer? Onde é que Tu estás?".
Após os ataques, a França lançou ataques aéreos contra o Estado Islâmico na Síria, mas o arcebispo criticou a ofensiva, advertindo para os perigos que podem ter as reações aos acontecimentos.
"Duas injustiças não fazem justiça. Se começamos a matar aleatoriamente aqueles que não fizeram nada de mal, isso não vai proporcionar soluções. Assim, os governos devem ser os instrumentos da justiça", defendeu.
Justin Welby disse ainda que a maneira como os militantes do Estado Islâmico distorcem a fé, de modo a pensar que os atos que praticam glorificam Deus, é "um dos aspetos mais desesperados do nosso mundo".
"A religião é tão poderosa na maneira como se comportam os seres humanos que sempre foi um instrumento empregado pelos malvados para retorcer as pessoas e persuadi-las a fazerem o que querem que façam", concluiu.
Atentados revelaram “a bondade” dos parisienses
O Cardeal Vincent Nichols, líder da Igreja Católica Romana em Inglaterra e no País de Gales, disse também à BBC que demorou "bastante tempo" a assimilar o que aconteceu em Paris.
Cardeal Vincent Nichols, líder da Igreja Católica Romana em Inglaterra e no País de Gales (Foto: Reuters)
Vincent Nichols realçou que os terroristas querem fazer com que as pessoas vivam com medo, criar ódio ente as raças e divisões na sociedade, mas sublinhou que as pessoas têm de tentar resistir a essa provocação.
As ações dos terroristas, afirmou o cardeal, são uma blasfémia contra Deus, mas mostraram "a bondade das pessoas" em Paris, citando um jornal que dizia: "Terroristas vieram para derramar sangue; Parisienses fizeram fila para doar sangue."
"Nós realmente devemos ser sólidos no nosso compromisso com os outros - para enfrentarmos esse mal cara a cara”, desafiou.
“É necessária uma ação forte, mas o julgamento político e militar é que podem decidir qual a melhor forma de os travar”, acrescentou.
Esta segunda-feira de manhã, o primeiro-ministro do Reino Unido David Cameron encontrou-se com o Presidente da França, François Hollande, em Paris, para discutir a luta contra o terrorismo. Os dois governantes prestaram homenagem às vítimas dos atentados de Paris que morreram no Bataclan.
O Presidente francês disse que os ataques aéreos contra o Estado Islâmico vão intensificar-se, enquanto o primeiro-ministro britânico disse querer juntar-se à campanha aérea contra os jihadistas na Síria. David Cameron garantiu que vai tentar a aprovação, por parte do Parlamento britânico, desses ataques contra o Estado Islâmico na Síria.