Duas mil pessoas no funeral de padre degolado por extremistas - TVI

Duas mil pessoas no funeral de padre degolado por extremistas

Jacques Hamel, de 86 anos, foi morto há uma semana em Saint-Etienne-du-Rouvray, em França, durante um sequestro levado a cabo por dois atacantes associados ao Estado Islâmico

Centenas de pessoas encheram esta terça-feira a catedral de Nôtre Dame, em Rouen, França, para prestar a última homenagem ao padre Jacques Hamel, de 86 anos, que foi morto há uma semana na igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, durante um sequestro perpetrado por dois atacantes associados ao Estado Islâmico.

De acordo com a agência noticiosa francesa AFP, o caixão do padre Jacques Hamel percorreu as ruas de Rouen antes do funeral que se realizou na catedral de Nôtre Dame. 

O funeral do padre católico francês não só foi acompanhado por milhares de pessoas, como contou com um forte dispositivo policial.

As exéquias, realizadas na catedral gótica de Rouen, foram acompanhadas por cerca de duas mil pessoas, no interior e também no exterior da catedral, apesar da chuva que caía na altura da cerimónia.

O padre Jacques Hamel, de 85 anos, foi degolado no dia 26 de julho por dois extremistas islâmicos quando celebrava a missa matinal na igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, nos arredores de Rouen.

Os atacantes foram abatidos pela polícia, quando saíram para o adro da igreja a gritar “Allahu Akbar” (Deus é grande). O ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico.

“Um padre foi morto por terroristas, devemos mostrar a nossa presença para dizer não”, afirmou Jean-François, um militar aposentado de 72 anos, em declarações à AFP.

O caixão que transportava o corpo de Jacques Hamel, levado por quatro pessoas, entrou no edifício gótico acompanhado por um cortejo de padres que envergavam vestes brancas e estolas roxas, a cor do luto.

Vários muçulmanos também quiseram marcar presença na cerimónia, que foi marcada por fortes medidas de segurança.

“Vim aqui para mostrar a minha solidariedade para com a comunidade cristã. É um dever”, sublinhou Hassan Houays, um professor de Matemática muçulmano residente em Saint-Etienne-du-Rouvray.

Também estiveram presentes no funeral o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, e várias figuras da hierarquia da igreja católica francesa.

Após as cerimónias religiosas fúnebres, o enterro do sacerdote será realizado numa cerimónia privada, num local que não foi divulgado.

O assassínio do padre Jacques Hamel chocou a sociedade francesa, não só entre os católicos, mas também no seio da comunidade muçulmana, que rejeitou este ato bárbaro.

O sacerdote era especialmente conhecido pelo envolvimento pessoal no diálogo inter-religioso com os muçulmanos de Saint-Etienne-du-Rouvray.

Este violento incidente, o último de um conjunto de ataques que têm afetado a França no último ano e meio, foi perpetrado alguns dias depois do ataque em Nice, onde um extremista muçulmano conduziu um camião contra a multidão, que festejava o dia de França (14 de julho), matando 84 pessoas e ferindo 435, incluindo muitos muçulmanos.

Há mais de um ano que a ameaça de um ataque contra um local de culto cristão pairava sobre o país, depois do fracasso de uma tentativa de atentado, em abril de 2015, contra uma igreja católica de Villejuif, nos subúrbios de Paris.

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