O Presidente da República francesa condenou esta terça-feira o ataque que fez um morto e um ferido grave na igreja de Saint-Étienne-du-Rouvray, perto de Rouen, na Normandia, numa altura em que decorria uma missa. A vítima mortal é um padre - Jacques Hamel, de 86 anos - e o ferido grave um fiel. François Hollande responsabilizou o grupo Estado Islâmico.
Antes mesmo de o grupo jihadista reivindicar a autoria do ataque, ao final da manhã desta terça-feira, já o Presidente francês lhe apontava o dedo por aquilo que disse ser "um ignóbil atentado terrorista” levado a cabo por “dois terroristas ligados ao Daesh".
“O Estado Islâmico declarou guerra e nós devemos combater esta guerra com todos os meios”, afirmou.
O Presidente gaulês fez uma breve declaração aos jornalistas em Saint-Etienne-du-Rouvray, próximo da igreja onde os dois atacantes, armados com facas, mantiveram cinco pessoas sequestradas durante pouco mais de meia hora, antes de serem abatidos pela polícia, quando tentavam abandonar o local.
François Hollande deslocou-se à pequena localidade normanda para dizer que a luta se fará “dentro da lei”, porque a França “é uma democracia” e para expressar a solidariedade com “todos os Católicos de França”.
“Os meus pensamentos estão com eles. Esta [terça-feira à] noite irei receber o Arcebispo da Normandia, que depois se irá dirigir à população”, acrescentou o Presidente.
“Amanhã [sexta-feira], terei um encontro com representantes de todas as religiões”, acrescentou.
O chefe de Estado considerou que, apesar de o ataque ter sido levado a cabo contra católicos, atingiu todos os franceses.
“Todos os católicos foram atingidos hoje, mas também todos os cidadãos de França. Ninguém pode conseguir dividir-nos”, declarou Hollande em Saint-Etienne-du-Rouvray.
O Presidente francês informou que as investigações já começaram a cargo da Procuradoria, que depois informará o público sobre aquilo que aconteceu.
“Temos de nos aperceber de que os terroristas não vão parar, e por isso a nossa determinação é pará-los. Iremos mobilizar todos os nossos recursos”, garantiu.
Citando as ameaças sentidas repetidamente pela França mas também pela Alemanha, François Hollande declarou também:
“Estamos sob ameaça, mas a nossa força depende da nossa coesão”.
O Presidente gaulês deixou ainda um voto de pesar para com as famílias atingidas pelo ataque e agradeceu o trabalho das forças policiais e das equipas que prestaram ajuda às vítimas.
Na quarta-feira, François Hollande vai reunir-se com a Conferência de Representantes das diferentes religiões em França, um grupo criado em 2010 e que inclui representantes das igrejas Católica, Ortodoxa e Protestante, do Islão, Judaísmo e Budismo.
A França ainda não se recompôs do ataque de 14 de julho, em Nice, reivindicado pelo Estado Islâmico, em que um homem ao volante de um camião atropelou e matou 84 pessoas e fez duas centenas de feridos. O país está em estado de emergência desde os atentados de Paris, em novembro de 2015, que fizeram 130 mortos. O regime de exceção acabou de ser prolongado por mais seis meses.
"Bárbaro ataque", diz Marcelo
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, já enviou "as mais sentidas condolências" ao homólogo francês, François Hollande, pelo "bárbaro ataque ocorrido na igreja de Saint-Étienne-du-Rouvray"
Manifesto o meu total repúdio por um ato de tamanha violência gratuita contra inocentes e manifesto a minha solidariedade para com a comunidade de Saint-Étienne-du-Rouvray, as vítimas e todos os franceses", refere Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota publicada na página de internet da Presidência da República.
Papa condena ataque e partilha dor dos atingidos
O Vaticano reagiu poucas horas depois do atentado, dizendo que o Papa Francisco partilha a "dor e o horror" dos atingidos e "condena [o ataque] da maneira mais veemente".
"Estamos particularmente chocados pelo facto de esta violência horrível ter acontecido numa igreja, um lugar sagrado onde se anuncia o amor de Deus", lê-se no comunicado publicado ao final da manhã desta terça-feira.
Também o arcebispo de Rouen se pronunciou sobre o incidente, num comunicado escrito desde Cracóvia, na Polónia, onde, tal como o Papa Francisco, se encontrava para celebrar uma Jornada Mundial da Juventude. Dominique Lebrun anunciou entretanto que vai regressar a Rouen para se encontrar com a população local.
O arcebispo pede que todos se unam, mesmo os "não-crentes", em volta dos "homens de boa vontade".
"A Igreja Católica não pode ter outras armas para além da prece e da fraternidade entre os homens", argumenta.