Instituto Pasteur isola novo coronavírus para tentar criar vacina - TVI

Instituto Pasteur isola novo coronavírus para tentar criar vacina

  • RL
  • 31 jan 2020, 18:49

Cientistas conseguiram isolar e produzir em laboratório estirpes do novo coronavírus identificado na China. Um avanço europeu na investigação de uma vacina e de um tratamento contra este vírus

Cientistas do Instituto Pasteur, em França, conseguiram isolar e produzir em laboratório estirpes do novo coronavírus identificado na China, um feito esta sexta-feira divulgado como um avanço europeu na investigação de uma vacina e de um tratamento contra este vírus.

Anteriormente, equipas chinesas e australianas também tinham isolado estirpes do novo coronavírus (família de vírus) que, na China, onde foi detetado em dezembro, já infetou cerca de 10 mil pessoas e matou 258, segundo o mais recente balanço, esta sexta-feira publicado.

Contudo, é a primeira vez que na Europa é feita tal experiência com o novo coronavírus, que os investigadores dizem ser difícil de isolar.

Os cientistas do Instituto Pasteur recolheram amostras do coronavírus (2019-nCoV) de doentes franceses e inocularam-no em células já conhecidas para permitir a multiplicação de coronavírus similares.

Em duas das amostras, retiradas do mesmo doente, uma boa parte das células foi destruída pelo coronavírus.

A produção em laboratório do '2019-nCoV' torna-o, assim, "disponível para a investigação", refere o Instituto Pasteur.

De acordo com o instituto, as culturas do coronavírus poderão ser testadas e manipuladas com substâncias antivirais conhecidas ou novas (que possam ser candidatas a uma vacina).

Os investigadores podem ainda estudar como se comporta o novo coronavírus e, desta forma, identificar as suas fragilidades, que permitam "desenvolver estratégias terapêuticas".

A análise dos anticorpos presentes nas pessoas infetadas pelo '2019-nCoV' possibilitará também avançar com um teste serológico adaptado à despistagem da infeção a uma escala maior.

O teste permitirá saber, entre as pessoas que contactaram com o novo coronavírus, qual a proporção que pode ser infetada sem desenvolver sintomas, o que, para o Instituto Pasteur, facultará "dados mais precisos sobre a capacidade de transmissão deste vírus".

Número de infetados duplicou a cada 7,4 dias na primeira fase 

O número de infetados com o novo coronavírus descoberto na China, na primeira fase da doença, duplicou a cada 7,4 dias, segundo um estudo divulgado esta sexta-feira

O estudo, sobre a dinâmica das primeiras transmissões em Wuhan, foco do novo coronavirus, foi publicado na revista cientifica The New England Journal of Medicine e é da autoria de vários especialistas chineses, nomeadamente do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, de Pequim, e da delegação na província onde se declarou primeiro o vírus (Hubei).

Os especialistas analisaram os primeiros 425 casos confirmados da infeção em Wuhan, concluindo também que a média de idade desses doentes foi de 59 anos e que 56% deles eram homens.

A maioria dos casos (55%) com início antes de 01 de janeiro estava ligada ao “Huanan Seafood Wholesale Market”, um mercado de animais vivos, mas dos doentes que se seguiram apenas 8,6% tinha essa ligação.

Os investigadores e especialistas dizem também no estudo agora publicado que o período médio de incubação da doença foi de 5,2 dias, e que a transmissão entre seres humanos começou em meados de dezembro de 2019.

As conclusões foram baseadas em informações recolhidas até 22 de janeiro, dizem os especialistas.

A China elevou para 258 mortos e quase 10 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado pelo novo coronavírus (2019-nCoV) detetado no final do ano em Wuhan, uma cidade com 11 milhões de habitantes.

Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais de 50 casos de infeção confirmados em 22 outros países - Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Austrália, Finlândia, Emirados Árabes Unidos, Camboja, Filipinas, Índia, Suécia e Rússia.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China.

Vários países já começaram o repatriamento dos seus cidadãos de Wuhan, que foi colocada sob quarentena, na semana passada, com saídas e entradas interditadas pelas autoridades durante um período indefinido, e diversas companhias suspenderam as ligações aéreas com a China.

A Comissão Europeia ativou na terça-feira o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, a pedido da França.

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