Polícia francesa faz buscas em "dezenas" de casas de militantes islamitas após decapitação de professor - TVI

Polícia francesa faz buscas em "dezenas" de casas de militantes islamitas após decapitação de professor

  • Henrique Magalhães Claudino
  • Atualizada às 09:48 com Lusa
  • 19 out 2020, 09:03

Ministro do Interior divulgou ainda que a vítima tinha sido alvo de um Fátua

A polícia francesa iniciou esta segunda-feira várias operações de investigação em “dezenas” de casas de militantes islamitas, avançou o ministro do Interior Gerald Darmanin.

Segundo a agência AFP, as operações policiais surgem no decorrer da decapitação de um professor de história alegadamente por um jovem de 18 anos que terá gritado “Allah 'Akbar” ("Deus é grande" em árabe). Após o ataque, o agressor foi morto a tiro pela polícia.

O ministro afirmou que a vítima tinha sido alvo de um fátua, uma ordem religiosa emitida por um mufti - um jurista da lei islâmica.

Eles claramente emitiram uma ‘fátua’(decreto religioso islâmico, neste caso de morte) contra o professor", disse Gerald Darmanin à rádio Europe 1, apontando para os suspeitos sob custódia.

O crime ocorreu no dia 16 de outubro perto de uma escola na vila de Conflan Saint-Honorine, nos arredores de Paris e a polícia acredita tratar-se de “ASSASSÍNIO EM CONEXÃO COM UMA ORGANIZAÇÃO TERRORISTA” e “ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA TERRORISTA.

De acordo com o ministro, as operações não visam "necessariamente indivíduos ligados à investigação" do assassínio do professor de história Samuel Paty.

As operações visam, no entanto, "transmitir uma mensagem: (...) nem um minuto de trégua será dada aos inimigos da República", sublinhou Gérald Darmanin, sem dar mais detalhes.

Desde o assassínio do professor, na sexta-feira em Conflans Saint-Honorine, "mais de 80 investigações" foram abertas por ódio online e ocorreram prisões, acrescentou o ministro, referindo que quer dissolver várias associações, incluindo o Coletivo contra a Islamofobia na França (CCIF).

Cinquenta e uma estruturas associativas terão um certo número de visitas dos serviços do Estado ao longo da semana e várias delas, por proposta minha, serão dissolvidas em Conselho de Ministros”, anunciou Gerald Darmanin.

O CCIF está “obviamente envolvido” e “alguns elementos permitem-nos pensar que este é inimigo da República”, continuou o ministro.

A associação tem "auxílios estatais, deduções fiscais e denuncia a islamofobia estatal", acrescentou.

Darmanin também citou a organização Baraka City, fundada por muçulmanos com perfil ‘salafista’, cujo presidente, Driss Yemmou, foi colocado sob supervisão judicial na quinta-feira como parte de uma investigação por assédio nas redes sociais.

A associação, cuja conta no Facebook é seguida por mais de 715.000 pessoas, desperta forte entusiasmo entre muitos jovens crentes, mas também suspeita por suas posições às vezes radicais.

Sobre a evocação de uma ‘fatwa’ contra o professor, o ministro referiu em particular o pai de um estudante de Conflans Saint-Honorine e o ativista islâmico radical Abdelhakim Sefrioui.

Os dois homens estão entre as onze pessoas detidas durante a investigação do ataque perpetrado na sexta-feira.

Fonte da polícia, citada pela AFP, explicita o professor terá exibido caricaturas do profeta Maomé durante uma disciplina sobre liberdade de expressão.

De acordo com uma fonte da investigação a este homicídio, a polícia também está interessada numa fotografia na rede social Twitter, através de um utilizador que, entretanto, encerrou a conta, da cabeça decapitada da vítima.

Uma fonte policial disse à agência Reuters no domingo que o governo francês está a preparar-se para expulsar 231 pessoas de nacionalidade estrangeira suspeitas de ações relacionadas com extremismo religioso. 

 

Continue a ler esta notícia