Sarkozy endurece regras nos hospitais psiquiátricos

Três semanas depois do assassínio de um estudante por um paciente fugido de um hospital, caso que emocionou a França, o presidente Nicolas Sarkozy anunciou terça-feira uma reforma que endurece o regime de hospitalização nos estabelecimentos psiquiátricos, refere a Lusa.

Ao visitar um centro de cuidados especializados em Antony, Sarkozy anunciou que o governo quer instituir uma «obrigação de cuidados efectiva» para os doentes.

«Não se pode abandonar a si próprio um paciente que tem uma necessidade manifesta de cuidados e que pode recusar submeter-se a ela», afirmou.

«A decisão de sair não pode ser tomada com ligeireza, a decisão deve ser do Estado, ou, nalguns casos, da justiça, não do especialista», declarou, ao anunciar que as autorizações de saída dos pacientes incumbirão a partir de agora apenas aos prefeitos ou à justiça, após opinião de um «colégio» médico.

Sarkozy anunciou um plano de 70 milhões de euros que se destina a garantir a segurança dos estabelecimentos psiquiátricos, nomeadamente para «melhor controlar as entradas e saídas», equipar alguns pacientes com sistemas de localização por satélite ou mobilar 200 novos quartos de isolamento.

Cerca de três dezenas de manifestantes, convocados pelo Sindicato Saúde Sul, denunciaram «a penalização da loucura» e a redução dos meios postos à sua disposição para enfrentar as doenças.

A oposição socialista denunciou uma «tentativa de misturar delinquentes e doentes, cuidados de saúde e ordem pública, Hospital e detenção».

«Percebe-se a tentativa de Nicolas Sarkozy de pôr em marcha uma política de detenção e de estigmatização da doença psiquiátrica sem verdadeira política de saúde mental», declarou o deputado Jean-Marie Le Guen, ligado às questões de saúde no Partido Socialista.