Brexit: "Não vejo nenhuma vantagem em fazer ameaças" - TVI

Brexit: "Não vejo nenhuma vantagem em fazer ameaças"

Francisco Louçã, em entrevista no “Jornal das 8” da TVI, critica o presidente da Comissão Europeia, que afirmou que se é para o Reino Unido sair da UE que seja depressa

Francisco Louçã espera que o processo de saída do Reino Unido da União Europeia seja rápido. Em entrevista, no “Jornal das 8” da TVI, o antigo coordenador do Bloco de Esquerda disse esta sexta-feira que espera que não haja ameaças, como fez o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que afirmou que se é para o Reino Unido sair que seja depressa.

“Não vejo nenhuma vantagem em fazer ameaças, porque são ameaças um pouco vãs. A declaração de Juncker hoje [sexta-feira] é simplesmente encher o peito de ar e dar um grito, mas mais valia que tivessem tido uma outra preocupação quando permitiram, ou estimularam até, que começasse este jogo político em Inglaterra. Agora, é vantajoso, creio eu, um processo razoavelmente rápido para que se confirmem as formas de relação do Reino Unido com os outros países”, afirmou.

Francisco Louçã explicou que um processo rápido de saída do Reino Unido da União Europeia seria bom para a economia portuguesa para que as exportações de Portugal não fossem muito afetadas. Seria bom também para os trabalhadores portugueses que vivem em Inglaterra e para os ingleses que vivem em Portugal.

“Ou seja para que haja uma estabilização destas regras e sobretudo para que a União Europeia possa olhar para si própria e dizer o que é que quer fazer agora de si própria”, realçou.

O agora professor universitário sublinhou que a crise de 2007/08 foi há oito anos.

“Há oito anos que nos arrastamos numa miséria económica, numa estagnação financeira, numa acumulação de problemas e de riscos. A Europa tem grandes riscos agora", alertou.

Francisco Louçã admitiu que duvida da capacidade de regeneração do projeto europeu, mas “só porque estes dirigentes políticos se encaminharam neste sentido.”

Para Francisco Louçã, o cinismo tornou-se a forma de organização da estrutura da União Europeia e talvez essa seja a sua maior fragilidade.

“Nós temos hoje uma certeza: há regras muito rígidas, elas aplicar-se-ão a uns países, mas não a outros. E aplicar-se-ão a uns com muita força e a outros de uma forma ligeira, com transformações, com adaptações. Cinismo absoluto. É a diplomacia”, afiançou.

Por todas as razões, politicamente para o Reino Unido (que é onde será mais difícil), mas sobretudo para a União Europeia, Francisco Louçã reiterou que é conveniente que o processo do brexit, em primeiro lugar seja negocial, e em segundo seja rápido.

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