“Nenhum ato xenófobo, antissemita e antimuçulmano será tolerado”, avisou o presidente francês, após o encontro desta quarta-feira com os presidentes de câmara, a quem pediu paciência e vigilância.
O presidente respondia, assim, àqueles que alegam que os terroristas chegam a França como refugiados que pedem asilo.
“Alguns querem estabelecer uma ligação entre o afluxo de refugiados vindo do Médio Oriente e a ameaça terrorista que pesa sobre a França. Essa ligação existe, porque os habitantes de zonas do Iraque e da Síria controladas pelo Estado Islâmico são martirizados por aqueles que nos atacam nos dias de hoje”, argumentou.
As palavras de Hollande surgem também após a operação policial em Saint-Denis, que culminou em duas mortes e sete detenções.
“Estas ações confirmam uma vez mais que estamos em guerra, uma guerra contra o terrorismo, uma guerra à qual o próprio terrorismo nos levou”, afirmou.
O chefe de Estado assegurou, igualmente, aos presidentes de câmara que a segurança nas cidades será reforçada nos próximos tempos.
"Teremos de pensar em mais pessoal e pessoal mais bem equipado. Teremos de procurar, com as autarquias, formas de aumentar a vigilância local, sempre respeitando, na medida do possível, os direitos fundamentais da República e da Europa. Que toda a potência do Estado esteja ao dispor da segurança do cidadão. Espero contar com o vosso apoio", indicou, garantindo que "nenhum posto será eliminado nos tempos mais próximos no exército e nas forças de segurança".
Estado de emergência
François Hollande confirmou que pediu o prolongamento do estado de emergência por três meses, "medida excecional que vai ser discutida e aprovada no parlamento".
O presidente lembrou que "esta guerra começou há alguns anos" e que, nesse sentido, tomou “as decisões necessárias para assegurar ao país os meios para levar este combate sempre enquadrado nos direitos democráticos".
O Presidente Francês recordou que há leis antiterroristas que já foram votadas mas que é preciso mais: "Propus a revisão da Constituição. Não se muda de um dia para o outro um texto fundamental da República, mas há razões para isso. Temos de dispor de um quadro jurídico para fazer face a situações excecionais."
A França vai, ainda, triplicar a capacidade militar no combate ao Estado Islâmico, confirmou Hollande.
“[O porta-aviões Charles de Gaulle] acaba de atracar no Mediterrâneo Oriental e vai permitir multiplicar por três a nossa capacidade militar", anunciou, indicando: “Irei aos EUA e a Moscovo na próxima quinta-feira, para reunir-me com Barack Obama e Vladimir Putin, de modo a conseguirmos a coordenação necessária e trabalhar conjuntamente nos prazos mais breves para atingir o objetivo de eliminar os terroristas".
França "vai ter um papel importante na resolução deste conflito", no plano militar, diplomático e político, prometeu.