Tensão aumenta entre China e Índia: 20 soldados mortos pelo exército chinês - TVI

Tensão aumenta entre China e Índia: 20 soldados mortos pelo exército chinês

Governo indiano afirma que foram registadas vítimas de ambos os lados

Um conflito diplomático que já dura há várias semanas na fronteira da Índia com a China, na cordilheira dos Himalaias, teve esta segunda-feira o seu episódio mais negro até ao momento. As autoridades indianas confirmaram esta terça-feira que 20 soldados foram mortos pelas tropas chinesas perto de Galwan, aumentando a tensão entre as duas potências.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês confirmou a existência de um "confronto físico violento", segundo a agência Reuters. O governo indiano acrescentou que foram registadas vítimas de ambos os lados.

Uma fonte do governo indiano disse que os confrontos ocorreram com recurso a varas e pedras, afirmando que não foram disparados quaisquer tiros.

O ministro da Defesa indiano, Rajnath Singh, afirmou que a perda dos soldados é "profudamente dolorosa", ressalvando a "coragem" daqueles que sacrificaram as vidas para defenderem o seu país.

O jornal oficial do Partido Comunista Chinês disse que o confronto ocorreu porque a Índia subestimou a força e a resiliência do exército chinês em retaliar.

O Global Times afirmou que o país optou por não divulgar se houve baixas do lado chinês para evitar comparações e impedir nova escalada.

Este é o primeiro confronto que ocorre na fronteira e resulta em mortes desde 1967.

A China e a Índia têm trocado várias acusações sobre quem será responsável pelas mortes registadas na zona montanhosa de Ladakh.

Desde o início de maio que centenas de soldados ocupam três pontos estratégicos na fronteira entre os dois países, com ambos os governos a acusarem-se mutuamente de invasão.

As duas partes continuam a tentar chegar a um acordo, mas, segundo uma fonte do governo indiano, o exército chinês acabou por atacar um grupo de soldados indianos.

Atacaram com varas de ferro, o comandante ficou gravemente ferido e caiu, e depois chegaram mais soldados e atacaram com pedras", acrescenta a mesma fonte, citada pela Reuters.

Para o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, a Índia violou um consenso a que ambas as partes tinham chegado, ultrapassando a fronteira por duas vezes, naquilo que foi considerado pela China como uma provocação.

A China reivindica cerca de 90 mil quilómetros quadrados de território no nordeste da Índia. A Índia diz que a China ocupa 38 mil quilómetros quadrados de território no planalto de Aksai Chin, na região dos Himalaias, uma parte contígua da região de Ladakh.

Região de Ladakh

A Índia declarou unilateralmente Ladakh um território federal em agosto de 2019. A China foi dos poucos países a condenar fortemente a medida, referindo-a em fóruns internacionais, incluindo no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A ONU instou os dois lados a "exercerem máxima contenção".

Estamos preocupados com os relatos de violência e mortes na Linha de Controlo Real entre a Índia e a China", disse Eri Kaneko, porta-voz da ONU.

A fronteira entre a Índia e a China prolonga-se por mais de quatro mil quilómetros, e tem sido palco de tensões militares praticamente desde a fundação dos dois países.

Já esta terça-feira, os dois governo conversaram, e acordaram "aliviar tensões na região".

“Os dois lados concordaram em tratar cuidadosamente os graves acontecimentos causados pelo conflito no vale de Galwan”, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, num comunicado divulgado após uma reunião telefónica entre os chefe da diplomacia de Pequim, Wang Yi, e o seu homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar.

Os governos da China e da Índia concordaram ainda em “respeitar o consenso alcançado durante as reuniões militares entre as duas partes, para aliviar tensões no terreno o mais depressa possível e para manter a paz e tranquilidade na área de fronteira”, acrescenta o comunicado.

Continue a ler esta notícia