França vai continuar a acolher refugiados mas vai limitar a entrada de imigrantes económicos, afirmou o ministro do Interior francês, Gérard Collomb, numa entrevista publicada neste domingo.
França deve acolher os refugiados, mas não pode acolher todos os migrantes económicos. Este ano [2017], cem mil pessoas apresentaram pedidos de asilo e outras 85 mil tentaram entrar, mas não foram admitidas. É impossível acolher dignamente 185 mil pessoas por ano”, disse Collomb ao jornal Le Parisien.
Em 2015 e 2016, França registou uma taxa reduzida de acolhimento de refugiados, um por cada 1.340 habitantes, bem abaixo de países como a Alemanha (1/141) ou a Suécia (1/101).
Segundo o Governo, a nova lei de asilo e imigração visa melhorar o acolhimento e acelerar a integração dos refugiados, mas várias organizações não-governamentais criticam a futura legislação pelos limites ao acolhimento.
França, que tem milhares de imigrantes a viver em acampamentos ou centros em Calais (norte) e em Paris, vai aumentar 1.300 camas nos centros de acolhimento, atualmente com capacidade para albergar 80.000 pessoas. A maioria (900) das novas camas será para a região de Paris.
A nova política de imigração vai ser explicada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, numa visita prevista para terça-feira a Calais, a “Selva”, que durante décadas recebeu milhares de migrantes que pretendiam chegar ao Reino Unido e que se tornou um símbolo dos problemas gerados pela imigração ilegal.
A visita a Calais antecede uma cimeira franco-britânica, que na quinta-feira reúne a primeira-ministra britânica, Theresa May, e Emmanuel Macron em Sandhurst, no sul de Londres.
Numa outra entrevista, também publicada hoje, Collomb explicou ao Journal du Dimanche que o Governo quer que Londres assuma “uma determinada parte dos custos” de gestão dos fluxos migratórios no norte de França.
Segundo o ministro, Paris quer “um protocolo adicional” aos acordos de Touquet (2004), que fixam a fronteira britânica em Calais.