Golpe militar em Myanmar já tirou a vida a mais de 900 civis - TVI

Golpe militar em Myanmar já tirou a vida a mais de 900 civis

  • Agência Lusa
  • CM
  • 13 jul 2021, 07:54

Milhares de pessoas foram detidas e mais de 5.200 permanecem presas, incluindo a líder deposta Aung San Suu Kyi

Pelo menos 902 pessoas perderam a vida em Myanmar (antiga Birmânia) em resultado da repressão exercida pelas forças de segurança após o golpe militar de 1 fevereiro, segundo a Associação para a Assistência aos Presos Políticos (AAPP).

A organização não-governamental (ONG) AAPP avançou hoje com três novas mortes ocorridas nos últimos dias, na sequência de disparos efetuados por soldados ou quando estavam sob detenção das autoridades.

Este é o número verificado pela AAPP, é muito possível que o número de mortes reais seja muito mais elevado", admitiu em comunicado.

A ONG adiantou que 6.640 pessoas foram detidas desde o golpe de Estado. Destas, mais de 5.200 permanecem detidas, incluindo a líder deposta Aung San Suu Kyi. E mais de 1.960 mandados de captura foram emitidos.

Apesar da violência e assédio por parte das forças de segurança contra movimentos dissidentes contra a junta militar, os protestos continuam por todo o país, e apesar dos confinamentos localizados decretados pelo atual regime para impedir a propagação da covid-19.

O líder da junta militar, o general Min Aung Hlaing, comprometeu-se a 24 de abril a pôr fim à violência contra civis durante um encontro na Indonésia com líderes políticos do Sudeste Asiático, entre outras promessas para resolver a crise política birmanesa desencadeada pela tomada do poder.

Contudo, o líder do golpe militar não cumpriu a sua palavra e dias após a reunião disse que dará prioridade à "manutenção da lei e da ordem".

Desde essa data e até esta terça-feira, mais de 150 pessoas morreram às mãos das forças de segurança, que dispararam para matar em numerosas ocasiões contra manifestantes pacíficos.

Novas acusações de corrupção contra líder deposta

Os advogados da líder deposta de Myanmar disseram na segunda-feira que foram informados pelo governo instaurado pelos militares de quatro novas acusações de corrupção contra Aung San Suu Kyi.

Os apoiantes de Suu Kyi, bem como analistas independentes, dizem que todas as acusações são politicamente motivadas e uma tentativa de a desacreditar e legitimar a tomada do poder por parte dos militares.

A líder está atualmente a ser julgada na capital sob acusações de sedição - definidas como a divulgação de informação que poderia causar alarme ou agitação pública - duas acusações de desrespeito às restrições pandémicas da covid-19 durante a campanha eleitoral de 2020; importação ilegal de 'walkie-talkies' que eram para uso dos seus guarda-costas; e uso não licenciado dos rádios. Win Myint é corréu em várias das acusações.

Suu Kyi tem também enfrentado acusações adicionais que ainda não foram julgadas: aceitar subornos, o que implica uma pena até 15 anos de prisão, e violar a Lei dos Segredos Oficiais, que implica um período máximo de 14 anos.

Uma das suas advogadas, Min Min Soe, disse aos jornalistas na segunda-feira que haveria uma primeira audiência sobre as novas acusações a 22 de junho no Supremo Tribunal em Mandalay, a segunda maior cidade do país. A defensora disse que duas das acusações são exclusivamente contra Suu Kyi, e as outras duas incluem outras pessoas, mas não foram dados outros detalhes à sua equipa de defesa.

Uma longa e abrangente conferência noticiosa realizada pelo Ggoverno na segunda-feira não fez qualquer menção às novas acusações.

A 10 de junho, os meios de comunicação oficiais informaram que a Comissão Estatal Anticorrupção tinha descoberto que Suu Kyi aceitava subornos e abusava da autoridade para obter vantagens em termos de negócios imobiliários. Os advogados de Suu Kyi já negaram as acusações quando estas foram feitas pela primeira vez em março.

Notícias nos meios de comunicação estatais, incluindo o jornal Global New Light of Myanmar, disseram que o organismo anticorrupção tinha descoberto que Suu Kyi aceitou ilegalmente 600.000 dólares e sete barras de ouro do antigo líder da Região de Rangum, um aliado político.

O artigo também indicava que a comissão tinha descoberto que Suu Kyi tinha abusado da sua posição para obter propriedades de arrendamento a preços inferiores aos do mercado para uma fundação de caridade com o nome da sua mãe e à qual presidia.

A notícia dizia que a ação privou o estado de rendimentos.

A televisão estatal apresentou vídeos de depoimentos de alegadas testemunhas dos pagamentos em dinheiro e ouro, mas não houve explicação das circunstâncias em que os vídeos foram feitos nem provas para corroborar o que foi dito.

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