Bruno Maçães representa o país em constantes reuniões em Bruxelas, na Alemanha e pela Europa fora. Uma presença física mas também virtual porque Maçães está em força nas redes sociais da internet e tem uma conta, muito ativa, no Twitter.
Na sua página pessoal, escrita em inglês, Maçães aparece de fato e gravata, identificando-se pelas funções oficiais como Secretário de Estado de Portugal. E é aqui que tem expressado opiniões fortes sobre o novo governo da Grécia.
Pouco depois da vitória do Syriza nas eleições de 25 de janeiro, Bruno Maçães deixou a pergunta:
An epistemological point of view: if you wanted to solve the eurocrisis would you trust trial and error by many over years or some theory?
— Bruno Maçães (@MacaesBruno) February 3, 2015
«Se quiser resolver a crise do euro confia em quê: no erro e tentativa, experimentados por muitos ao longo dos anos…ou em alguma teoria?»
Noutro tweet nota: «As taxas de juro da Grécia regressaram ao valor de há dois anos»
Greek 10 year yields back where they were two years ago
— Bruno Maçães (@MacaesBruno) January 28, 2015
Ou com sarcasmo, diz: «Afinal algumas pessoas não são entusiásticas do marxismo académico»
So it turns out some people are not enthusiastic about academic Marxism...
— Bruno Maçães (@MacaesBruno) February 7, 2015
«Num dia de declarações bizarras, a palma vai para o ministro das Finanças grego, que anunciou a bancarrota de Itália»
A day of bizarre statements, but the prize goes to Greek Finance Minister announcing Italian bankruptcy
— Bruno Maçães (@MacaesBruno) February 8, 2015
Esta mensagem foi reenviada 130 vezes na internet (retweets)
Através do Twiter e da internet, Bruno Maçães é lido e está em contacto permanente com os jornalistas internacionais. E é citado frequentemente em alguns dos mais importantes e influentes jornais europeus.
E alguns deles notaram o tom virulento com que Maçães fala sobre a Grécia.
Diz Hugo Dixon, jornalista da agência Reuters: «É muito importante apreciar como [os governos] português e espanhol são hostis ao Syriza»
@FionaMullenCY @YiannisMouzakis actually think it is quite important to appreciate how hostile to Syriza the Portuguese and Spanish are
— Hugo Dixon (@Hugodixon) February 7, 2015
Responde Alan Beattie, do Financial Times: «Será realmente surpreendente? Um acordo especial conseguido pela esquerda grega iria destruir a sua credibilidade. Um perdão de dívida pareceria muito bom ao eleitor português»
@economistmeg @Hugodixon @FionaMullenCY @YiannisMouzakis Really surprising? Special deal for Greek leftists destroys their credibility.
— Alan Beattie (@alanbeattie) February 7, 2015
Peter Spiegel, chefe de delegação do FT em Bruxelas recorda: «Os portugueses também foram muito anti-Renzi [o novo primeiro-ministro italiano] e a sua flexibilização das regras orçamentais: isso mina-os horrivelmente em casa»
@alanbeattie @economistmeg @Hugodixon The Portuguese have been v anti-Renzi & his flexibility push, too. Undermines them horribly at home
— Peter Spiegel (@SpiegelPeter) February 7, 2015
Aos olhos do mundo, pelo menos virtual, as opiniões de um secretário de estado transformam-se em posição oficial do Governo que, por sua vez, acaba por ser confundida com a opinião geral dos portugueses sobre a Grécia.
Nada que iniba Maçães que, afinal, nos quer avisar sobre um perigo maior:
«Aquilo que vocês têm de compreender sobre os revolucionários em qualquer lado: eles querem que as coisas fiquem pior. Isso cria as condições objetivas para a revolução»
What you have to understand about revolutionaries everywhere: they want things to get worse. Creates objective conditions for revolution.
— Bruno Maçães (@MacaesBruno) February 8, 2015
Em novembro de 2013, aquando da visita de Bruno Maçães à Grécia, a imprensa helénica classificou o secretário de Estado dos Assuntos Europeus de «o alemão».
Dois diários publicaram artigos de opinião a expressar surpresa com a proximidade do discurso de Maçães à posição alemã e sublinhando a falta de solidariedade com os Estados-membros que defendem uma estratégia diferente da alemã.