Organizações humanitárias pedem resposta da UE à crise de migrantes - TVI

Organizações humanitárias pedem resposta da UE à crise de migrantes

  • SS
  • 4 mar 2020, 13:27

Organizações falaram sobre a crise migratória na fronteira turco-grega. O apelo da Amnistia Internacional foi reforçado esta quarta-feira para coincidir com uma reunião extraordinária do Conselho de Justiça e Assuntos Internos da União Europeia (UE) sobre a situação nas fronteiras

As organizações humanitárias Amnistia Internacional e Human Rights Watch pediram esta quarta-feira aos Estados-membros da União Europeia que discutam e respondam em conjunto à crise migratória na fronteira turco-grega, partilhando a responsabilidade de acolhimento e defendendo os direitos humanos.

O apelo da Amnistia Internacional foi reforçado esta quarta-feira para coincidir com uma reunião extraordinária do Conselho de Justiça e Assuntos Internos da União Europeia (UE) sobre a situação nas fronteiras, agendada para esta tarde.

O que estamos a testemunhar na fronteira entre a Grécia e a Turquia é uma crise humanitária na Europa”, afirmou a diretora do gabinete de Instituições Europeias da Amnistia Internacional, em comunicado.

“A proteção dos refugiados não é algo que os países possam evitar. A Grécia deve defender o direito de asilo e a UE deve apoiar. O direito de reivindicar asilo não é negociável”, acrescentou Eve Geddie.

Lembrando que os refugiados que pretendem entrar na Europa “procuram segurança”, a responsável disse que estes migrantes “têm visto os seus direitos violentamente negados”.

Os ministros que se reúnem esta quarta-feira “têm de condenar qualquer uso excessivo de força contra pessoas, incluindo trabalhadores de Organizações Não Governamentais e jornalistas, nas fronteiras terrestres ou marítimas entre a Grécia e a Turquia”, defendeu.

Para a responsável da Amnistia Internacional, os Estados-membros da UE podem ajudar a aliviar a situação, “ajudando a Grécia a gerir os pedidos de asilo, fornecendo instalações de acolhimento adequadas e transferindo os requerentes de asilo para outros países”.

A Amnistia Internacional já tinha denunciado esta semana as “medidas desumanas” das autoridades gregas para impedir a entrada de mais migrantes no país, considerando as ações do país como “uma traição terrível às responsabilidades para com os direitos humanos”.

Segundo a AI, as autoridades gregas decidiram suspender temporariamente o registo de pedidos de asilo a pessoas que entrem no país de forma irregular.

Essa medida será associada à devolução imediata ao país de origem “se for possível", referiram as autoridades sem explicar o que queria dizer em concreto.

“Todos têm o direito a pedir asilo. Deportar pessoas sem o devido processo pode significar enviá-las de volta aos horrores da guerra ou expô-las a graves violações dos direitos humanos”, avisou Eve Geddie.

A Grécia também anunciou que, a partir de hoje, as suas forças armadas passam a usar munições reais nos confrontos perto da fronteira terrestre com a Turquia.

Já esta manhã, as autoridades turcas acusaram a Grécia de matar a tiro um migrante que tentava entrar no país e ferir outros cinco, acusação que o Governo grego “desmente categoricamente”.

De acordo com o gabinete do governador da cidade turca de Edirne, os militares gregos abriram fogo quando um grupo de migrantes que estava na Turquia tentou forçar a entrada na Grécia, cerca das 11:00 (08:00 em Lisboa), tendo atingido um deles no peito.

Desde o anúncio da Turquia de que ia abrir fronteiras, feito em 28 de fevereiro, as chegadas de migrantes às ilhas gregas aumentaram exponencialmente e os confrontos têm-se multiplicado.

Na terça-feira, segundo relatos citados pelas organizações humanitárias, os habitantes da ilha grega de Lesbos impediram que os barcos chegassem à costa, atacaram ativistas e carros de voluntários e até jornalistas.

“A Grécia deve abster-se de usar força excessiva e garantir que as operações de busca e salvamento possam operar no mar. As pessoas que procuram asilo na Grécia devem ser ajudadas, não tratadas como criminosas ou como ameaças à segurança”, sublinhou Eve Geddie.

Também a HRW insistiu na necessidade de Bruxelas promover a partilha de responsabilidades em relação aos migrantes.

“A UE tem a oportunidade de mostrar que pode responder com compaixão à chegada de pessoas que fogem de conflitos e perseguições, colocando a dignidade e humanidade no centro de sua resposta. Essas devem ser as marcas de qualquer resposta da UE”, referiu o diretor da Human Rights Watch na União Europeia, Lotte Leicht. 

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