Turquia acusa Grécia de matar migrante, Grécia nega "categoricamente" - TVI

Turquia acusa Grécia de matar migrante, Grécia nega "categoricamente"

  • SS - atualizada às 12:19
  • 4 mar 2020, 10:56

A situação na fronteira entre os dois países esteve mais turbulenta esta quarta-feira e a polícia grega lançou gás lacrimogéno sobre um grupo de migrantes, depois de estes terem tentado forçar a entrada através da passagem de fronteira

As autoridades turcas acusaram esta quarta-feira a Grécia de matar a tiro um migrante que tentava entrar no país e ferir outros cinco, mas o governo grego desmentiu "categoricamente” esta informação.

De acordo com o gabinete do governador da cidade turca de Edirne, os militares gregos abriram fogo quando um grupo de migrantes que estava na Turquia tentou forçar a entrada na Grécia, cerca das 11:00 (08:00 em Lisboa), tendo atingido um deles no peito.

A Turquia está a divulgar notícias falsas”, começou por dizer o porta-voz do governo grego, Stelios Petsas.

O responsável acrescentou que nega “categoricamente” que a Grécia tenha atirado sobre migrantes que tentavam atravessar a fronteira.

De acordo com os órgãos de comunicação gregos, a polícia grega voltou a lançar gás lacrimogéneo esta quarta-feira contra migrantes e refugiados que tentavam entrar na Grécia pela fronteira com a Turquia. A situação esteve mais turbulenta esta quarta-feira, comparativamente com o dia de ontem.

Embora a polícia turca ainda não permita que os meios de comunicação se aproximem da fronteira, veem-se colunas de gás e ouvem-se explosões a um quilómetro da passagem da fronteira de Pazarkule, na área de onde há seis dias milhares de pessoas esperam por uma oportunidade de entrar em território da União Europeia (UE).

Esta quarta-feira, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou a Grécia de violar tratados internacionais de direitos humanos e de “afundar barcos” e disparar balas reais em refugiados que tentam entrar no país a partir da Turquia.

Os gregos, que usam todos os meios para impedir que os migrantes entrem no seu território – chegando a afogá-los ou matando-os com balas reais - não se devem esquecer de que, um dia, também poderão precisar de compaixão”, afirmou Erdogan num discurso em Ancara.

Erdogan lembrou que muitos gregos escaparam do país durante a Segunda Guerra Mundial e pediu ao governo grego que “respeite os refugiados que chegam ao seu território”.

O chefe de Estado turco invocou mesmo o artigo 14.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que reconhece o direito de qualquer pessoa a pedir asilo em qualquer país, em caso de perseguição.

"Os países que fecham as suas fronteiras, afundam barcos de refugiados e forçam-nos a voltar estão a violar” a Declaração, disse.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o alto representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, estão em Ancara para discutir a crise migratória com o governo turco.

Na terça-feira, o Conselho de Administração da Frontex, agência europeia da guarda costeira, aprovou a intervenção rápida nas fronteiras externas da Grécia, feita a pedido das autoridades gregas devido ao fluxo de refugiados oriundos da Turquia.

A decisão foi adotada numa reunião extraordinária do Conselho de Administração da Frontex, que é composto por representantes das autoridades de fronteira dos Estados-membros da União Europeia (UE) e de países associados a Schengen, além de dois membros da Comissão Europeia.

No encontro, realizado na terça-feira em Varsóvia, ficou então decidido que a Frontex vai apoiar plenamente a Grécia na resposta à situação atual das suas fronteiras externas junto à Turquia e agir no espírito da solidariedade europeia”, referiu o organismo em comunicado.

Isso significa que a agência vai avançar com a “intervenção rápida nas fronteiras solicitada pela Grécia e decidida pelo diretor executivo”, tal como anunciado na segunda-feira.

De acordo com a nota, na reunião, “os Estados-membros [que compõem a administração da Frontex] manifestaram prontidão” em colaborar nesta intervenção rápida, isto a nível de pessoal e de equipamento.

A Grécia enfrenta uma brutal pressão nas suas fronteiras externas com a Turquia, depois de o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter decidido ‘abrir as portas’ aos refugiados que pretendem rumar à Europa, numa tentativa de garantir mais apoio ocidental na questão da guerra na Síria.

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