Num comício da formação política de esquerda que deu início à campanha eleitoral, Alexis Tsipras garantiu que o objetivo do Syriza é obter um perdão que torne sustentável a dívida, «com medidas que não prejudiquem os povos europeus, mas com mecanismos europeus».
«Só [o primeiro-ministro, Andonis] Samaras é que faz de conta que a dívida é sustentável, para não reconhecer que o seu programa fracassou e que é necessário acabar com a austeridade», afirmou, acrescentando que o objetivo do seu partido é que «a dívida seja paga com crescimento».
Para relançar a economia, será necessário, defende Alexis Tsipras, um programa de investimentos públicos a nível europeu.
«Que todos saibam: haverá negociações, haverá acordo e o Memorando pertencerá ao passado, não só na Grécia como em toda a Europa», frisou.
Tsipras assegurou que uma vez ganhas as eleições, o Syriza aplicará imediatamente e «independentemente do que aconteça com as negociações [com a troika]» o chamado Programa de Salónica, um pacote de medidas de ajuda imediata aos mais pobres, um programa que, na sua opinião, não cria novos défices, mas condições para o crescimento.
O líder da esquerda mostrou-se seguro de que a «campanha do medo» de Samaras, que augura uma saída da Grécia do euro se o Syriza vencer as eleições, não surtirá efeito e que a esquerda não só ganhará na Grécia como também em Espanha e na Irlanda.
De acordo com o líder da oposição grega, «toda a gente está consciente de que a Europa não está em perigo por causa da esquerda, mas por causa do ultraliberalismo, as políticas de [a chanceler alemã, Angela] Merkel».
Por sua vez, Merkel prepara-se para deixar a Grécia sair da zona euro, no caso de a esquerda radical pôr em causa a política de rigor orçamental do país, noticiou hoje a edição online da revista alemã «Der Spiegel».
«O Governo alemão considera quase inevitável a saída [da Grécia] da zona euro, se o líder da oposição, Alexis Tsipras, dirigir o Governo após as eleições [legislativas], abandonar a linha de rigor orçamental e deixar de pagar as dívidas do país», lê-se na página da internet da revista semanal, que cita «fontes próximas do Governo alemão».
Angela Merkel e o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, mudaram de opinião e agora «consideram sustentável uma saída do país da moeda única, devido a progressos feitos pela zona euro desde o auge da crise, em 2012», refere a «Spiegel» online, ainda com base nas mesmas fontes.
«O risco de contágio dos outros países é limitado, pois Portugal e a Irlanda são considerados sanados. Por outro lado, o MES (mecanismo europeu de estabilidade) fornece um forte mecanismo de salvamento e a União Bancária garante a segurança das instituições de crédito», indicaram ainda as fontes.
O parlamento grego anunciou na quarta-feira a sua dissolução e confirmou a realização a 25 de janeiro de eleições legislativas antecipadas, para as quais o partido de esquerda radical Syriza surge como favorito nas sondagens.