Empresas britânicas pedem desculpa e prometem compensação por ligações à escravatura - TVI

Empresas britânicas pedem desculpa e prometem compensação por ligações à escravatura

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  • 18 jun 2020, 11:18
Manifestação anti-racismo em Londres

Greene King e Lloyds of London foram as duas primeiras empresas a reagir à divulgação de uma base de dados da universidade UCL que enumera companhias que beneficiaram do tráfico de escravos e na sequência do debate em curso no Reino Unido sobre o racismo e respetivo legado histórico

Duas empresas históricas britânicas, a cadeia de bares Greene King e a seguradora Lloyds of London, vão fazer donativos a organizações de apoio a minorias étnicas como forma de compensação pelos vínculos anteriores ao tráfico de escravos.

O presidente executivo da Greene King, Nick Mackenzie, disse ao jornal britânico The Telegraph que o grupo pretende apresentar desculpas formalmente pelas ligações à escravatura após ter sido revelado que um dos fundadores, Greene King, manteve pelo menos 231 escravos e opôs-se à abolição da escravatura no século XIX. 

Mckenzie disse ao jornal que o grupo, fundado em 1799 e proprietário de cerca de 2.700 ‘pubs’ no Reino Unido, vai fazer um "investimento substancial para beneficiar a comunidade BAME [negra, asiática e de minorias éticas] e apoiar a nossa diversidade racial na empresa".

A seguradora Lloyds of London também disse que pretende dar apoio financeiro a organizações que ajudam minorias étnicas e promover a diversidade dentro da empresa.

A seguradora, fundada em 1688, é conhecida por ser uma das mais antigas do mundo, em especial em transportes marítimos, o que incluiu barcos de escravos. 

Esta quinta-feira, emitiu um comunicado a pedir desculpa pelo "papel desempenhado nos séculos XVIII e XIX no tráfico de escravos”, acrescentando: "Este foi um período horrível na história inglesa e na nossa”.

As empresas foram as duas primeiras a reagir à divulgação de uma base de dados da universidade UCL que enumera companhias que beneficiaram do tráfico de escravos e na sequência do debate em curso no Reino Unido sobre o racismo e respetivo legado histórico. 

Protestos anti-racistas em todo o país foram desencadeados pela morte de George Floyd, um afro-americano de 46 anos, em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.

A 14 de junho, uma multidão derrubou e atirou para as águas do porto de Bristol a estátua do comerciante de escravos e filantropo do século XVII Edward Colston (1636-1721), e no dia seguinte a estátua de Robert Milligan (1746-1809), foi removida em Londres na sequência de uma petição popular. 

Na quarta-feira à noite, a administração do colégio Oriel, da universidade de Oxford, votou a favor da remoção da estátua do imperialista vitoriano Cecil Rhodes (1853-1902), que já era alvo de controvérsia há vários anos, mas ganhou novo impulso devido aos protestos anti-racismo do movimento Black Lives Matter. 

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