Mulheres saem à rua para protestar pela igualdade de salários na Suíça - TVI

Mulheres saem à rua para protestar pela igualdade de salários na Suíça

  • Sofia Santana
  • 14 jun 2019, 12:24

Greve feminista, que junta sindicatos e organizações de direitos humanos, quer parar o país esta sexta-feira

Uma greve feminista pela igualdade de salários promete parar a Suíça esta sexta-feira. O protesto, que junta sindicatos e organizações de direitos humanos, quer pintar várias cidades do país de roxo, a cor escolhida para defender esta causa.

As manifestações saem à rua no mesmo dia em que, há 28 anos, meio milhão de mulheres protestou pela igualdade no país. Um número considerado extraordinário para a altura, tendo em conta que viviam no país cerca de 3,5 milhões de mulheres.

Quase três décadas depois, pouco ou nada mudou, dizem os organizadores da greve de hoje. 

De acordo com as estatísticas nacionais disponíveis, citadas pelo The Guardian, as mulheres ganham menos cerca de 20% do que os homens. E mesmo no caso de profissionais com qualificações iguais, as mulheres ganham menos 8% do que os homens.

Os ativistas apelaram às mulheres para não irem trabalhar e não tratarem das lides domésticas. A ideia é parar o país e promover a consciencialização sobre a vital contribuição das mulheres para a sociedade.

O objetivo é parar o país com uma greve feminista, uma greve de mulheres”, afirmou a ativista Marie Metrailler ao The Guardian.

As mulheres são incentivadas a deixarem os seus locais de trabalho precisamente às 15:24, a hora estimada pela organização como o momento em que deveriam parar de trabalhar para ganhar proporcionalmente o mesmo do que os homens ganham em média numa hora.

Outro dos objetivos do protesto é exigir tolerância zero para a violência contra mulheres. Segundo a Amnistia Internacional, a cada duas semanas uma mulher morre na Suíça devido a violência dos parceiros ou ex-parceiros e uma em cada cinco suíças já admitiu ter sofrido comentários sexistas, assédio e outros tipos de violência sexista.

É expectável que vários estabelecimentos como escolas ou enfermarias tenham de fechar ou funcionem apenas com serviços mínimos.

A ideia da greve feminista nasceu depois de uma tentativa de mudar a lei para impor uma maior fiscalização sobre a distribuição salarial.

A lei, que acabou aprovada pelo parlamento suíço no ano passado, aplica-se apenas a empresas com mais de 100 empregados, afetando menos de 1% dos empregadores, e não inclui sanções para as empresas que permitem diferenças salariais persistentes entre homens e mulheres.

Embora seja considerada uma das nações mais democráticas no mundo, com referendos de três em três meses para se decidir vários assuntos a nível nacional e local, as mulheres suíças apenas conquistaram o direito de votar e de serem eleitas em 1971, num referendo em que oito dos 26 cantões que compõem o país votaram contra. Já a descriminalização do aborto demorou mais 31 anos.

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