Soldado que desertou da Coreia do Norte é imune ao antrax - TVI

Soldado que desertou da Coreia do Norte é imune ao antrax

Coreia do Norte cava fosso na fronteira

Descoberta preocupa as autoridades sul-coreanas, que receiam um possível uso da substância como arma biológica por parte do país vizinho

Pelo menos um dos quatros soldados da Coreia do Norte que este ano fugiu para a Coreia do Sul é imune ao antrax. As autoridades da Coreia do Sul chegaram a essa conclusão depois de encontrarem anticorpos da doença causada por bactérias altamente mortíferas, e utilizada em terrorismo biológico, no corpo do homem, que não foi identificado. A descoberta está a gerar preocupação em Seul, alimentada pelo receio de que a Coreia do Norte esteja a planear usar o antrax como arma biológica.

A Coreia do Sul ainda não confirmou se o homem foi vacinado ou esteve exposto ao antrax, mas garante que o soldado desenvolveu imunidade antes de fugir, explica a estação de televisão sul-coreana Channel A.

Foram encontrados anticorpos de antrax no soldado norte-coreano que fugiu este ano", disse à estação de televisão um militar sul-coreano, sob anonimato.

Os sul-coreanos estão preocupados com a descoberta porque a doença pode matar 80% das pessoas que estiverem expostas à bactéria em apenas 24 horas, a menos que sejam administrados antibióticos ou haja uma vacina disponível.

Ao contrário da Coreia do Norte, a Coreia do Sul não possui ainda vacinas contra a bactéria. Choi Hyun-soo, porta-voz do Ministério da Defesa sul-coreano, afirma que a vacina contra o antrax está em desenvolvimento, mas apenas deverá estar pronta para utilização pelo exército sul-coreano "em finais de 2019".

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Jong-woo, investigador do Korea Defense and Security Forum, confirma que a descoberta pode indicar uma possível preparação do exército norte-coreano para uma guerra biológica.

 Acho muito provável que os agentes que o montam [o antrax] em aviões tenham recebido esta vacina com anticorpos de antrax", diz.

Armas biológicas norte-coreanas?

Com sincronia notória, a descoberta de anticorpos do antrax no corpo do desertor da Coreia do Norte acontece alguns dias depois de a imprensa japonesa ter assegurado que o regime de Pyongyang estaria a desenvolver uma ogiva carregada com antrax para o míssil balístico intercontinental.

De acordo com o jornal japonês Asahi Shimbun, que cita sob anonimato uma fonte dos serviços de inteligência em Seul, a Coreia do Norte está a realizar testes de calor e de pressão destinados a simular as condições a que uma ogiva estaria sujeita quando voltasse a entrar na atmosfera terrestre no final da trajetória. O objetivo é verificar se os germes do antrax podem sobreviver a temperaturas de até e acima de sete mil graus. Essa é a temperatura a que a ogiva de um míssil intercontinental está sujeita quando atravessa a atmosfera durante a trajetória de regresso à Terra.

Desde 2015 que a Coreia do Norte é suspeita de estar a desenvolver armas biológicas para possível uso em situação de guerra, alegadamente nas instalações do Instituto de Investigação de Tecnologia Biológica de Pyongyang.

O governo da Coreia do Norte afirma que as instalações são utilizadas para a investigação e desenvolvimento de pesticidas, mas um grupo de analistas norte-americanos sugere, num relatório, que os equipamentos utilizados na fábrica podem estar a ser utilizados para o desenvolvimento de várias armas biológicas, especialmente de antrax.

Num relatório de outubro, o Centro Belfer da Faculdade Kennedy de Harvard resume a evidência de que a Coreia do Norte possui um programa de armas biológicas capaz de produzir antrax, varíola e outros agentes biológicos. O regime pode estar na posse de 13 agentes biológicos, entre os quais botulismo, cólera e peste, indica o relatório.

Pyongyang desmente a informação, que qualifica como "falsas desculpas" dos EUA para iniciar a guerra.

"A Coreia do Norte, como subscritor da Convenção sobre Armas Biológicas, mantém a posição consistente em oposição ao desenvolvimento, fabricação, armazenamento e posse de armas biológicas", indica o Instituto de Estudos Americanos da Coreia do Norte, citado pela agência estatal KCNA.

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