Nino Vieira: atentado teve «motivações políticas»

O Presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo «Nino» Vieira, afirmou esta terça-feira que a tentativa de assassínio de que foi alvo tem motivações políticas decorrentes das recentes eleições legislativas ganhas pelo PAIGC e contestadas pelo Partido da Renovação Social (PRS), refere a Lusa.

O chefe de Estado guineense, que falava perante uma delegação do Sindicato de Jornalistas guineense, que foi manifestar a sua solidariedade, defendeu que o ataque à sua residência no passado dia 23 de Novembro decorre da publicação dos resultados eleitorais.

«Atacaram-me, mas esqueceram-se de que não fui candidato às eleições legislativas. Esqueceram-se também que, quando fui votar, disse que ia trabalhar com qualquer partido que viesse a ganhar as eleições», afirmou «Nino» Vieira.

O chefe de Estado da Guiné-Bissau louvou o gesto de solidariedade dos jornalistas e pediu que denunciem «aqueles que querem fazer o país voltar para trás».

Quem ganha com a morte do Presidente?

O Presidente guineense disse ainda não compreender o «porquê de tanta maldade» contra a sua pessoa se o seu único objectivo «é servir a Guiné-Bissau, desde os 19 anos».

«Se tivessem morto o Presidente o que iriam ganhar com isso?. Nada. Porque quem ia para o poder tinha apenas 90 dias para organizar as eleições presidenciais, o que seria outra despesa para o Estado e para a comunidade internacional», acrescentou.

«Nino» Vieira pediu também aos jornalistas para ajudarem os guineenses a mudar a mentalidade belicista e de fuga às responsabilidades quando as coisas não correm bem.

«Se o avião aterra num aeroporto qualquer do país, com suspeita de tráfico de droga a culpa é do Presidente, se não há escola a culpa é do Presidente, ninguém assume as suas responsabilidades neste país», disse João Bernardo Vieira.

«Autores morais do crime estão calados»

Sobre a tentativa de assassínio de que foi alvo, o chefe de Estado guineense entende que «os autores morais do crime estão calados como se nada fosse com eles», deixando os militares à sua sorte.

«Ainda não sabemos quem foram os autores morais deste crime, pois estão calados como se nada fosse com eles, os coitados dos militares executantes do crime é que estão por aí a pagar as favas», concluiu «Nino» Vieira.

Do ataque à residência do Presidente guineense resultou um morto e um ferido.