PM guineense recebe visita da Cruz Vermelha - TVI

PM guineense recebe visita da Cruz Vermelha

Carlos Gomes Júnior está detido pelos militares revoltosos em parte incerta

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O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, que se encontra em local incerto desde o golpe militar da passada quinta-feira, foi visitado sábado por uma equipa local do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), segundo disse ao jornal «Público» fonte da organização.

Carlos Gomes Júnior recebeu a «visita de urgência» para entrega de medicamentos, ele que é diabético. «Pudemos entrar para lhe entregar os medicamentos», disse ao jornal o porta-voz da organização, Denes Benczedi, por telefone, a partir de Dacar, no Senegal. «Ele está bem como uma pessoa pode estar bem nestas circunstâncias. É uma situação sem dúvida muito complicada para ele».

A visita demorou apenas «poucos minutos» e «não houve conversa». O CICV não confirma o local onde se encontrará detido Carlos Gomes Júnior, nem a existência de outros governantes aprisionados, como será o caso do presidente interino, Raimundo Pereira.

Bancos fechados e comida pode começar a faltar

As condições políticas e sociais no país, após a tomada do poder por militares, ainda é muito instável. De acordo com informações do jornalista António Aly Silva no seu blog, foram encerradas todas as dependências bancárias do país, bem como o banco central.

À rádio TSF, o administrador do hospital Simão Mendes, Johannes Mooij, confirma que não há dinheiro e dá conta de outro problema: a comida só deve chegar até quarta-feira. As constantes falhas de electricidade estão também a estragar os alimentos armazenados no frio.

O hospital já não tem dinheiro e os bens também já começam a rarear nos mercados.

Espaço aéreo e marítimo interdito

Entretanto, o espaço aéreo e marítimo continua a estar interditado na Guiné-Bissau. O encerramento do espaço aéreo e o recolher obrigatório justificam a suspensão dos voos regulares da TAP para Bissau, disse fonte da companhia aérea à TVI24.

A companhia garante que a ligação aérea será reposta quando a situação se alterar e caso existam garantias de segurança. A TAP está a tentar organizar voos extraordinários para colocar em Bissau, assim as condições de segurança se alterem, todos os passageiros afetados com o cancelamento dos voos.

A TAP já cancelou dois voos regulares para a capital de Bissau, um na sexta-feira e outro no domingo. Esta segunda-feira foi tentado um voo extraordinário, que acabou por não se realizar porque o espaço aéreo do país está interditado.

Este domingo, as forças armadas fecharam o espaço ao tráfego estrangeiro, uma decisão justificada com a segurança nacional e de «salvaguarda» da ocupação territorial.

Qualquer operação terá de ter a autorização do Estado-Maior. E, se tal não acontecer, haverá uma resposta militar, segundo um comunicado revelador das indicações dadas aos militares guineenses no dia em que a missão portuguesa partiu para Bissau.

O Governo quer que a força de reação imediata fique mais próxima do país para facilitar uma eventual retirada de cidadãos portugueses. Na Guiné, vivem cerca de 4 mil portugueses.

Para lá seguiram na tarde de domingo uma fragata, uma corveta, um meio aéreo e 55 militares, que vão aguardar em Porto Santo ou em Cabo Verde pelo desenrolar da situação.

Os militares que tomaram o poder criaram um «Conselho Nacional de Transição», que integra também os líderes de alguns partidos da oposição. O parlamento vai ser dissolvido e será escolhido um presidente e um primeiro-ministro de transição até à realização de eleições.

A ONU já condenou o golpe. O secretário-geral das Nações Unidas discutiu a situação com o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas.
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