Jani Leinonen, finlandês, é o autor da escultura "McJesus", que mostra o palhaço-mascote da cadeia de hambúrgueres McDonald's crucificado, a qual tem gerado protestos nas ruas de Haifa nos últimos dias, até com tentativas de invasão do museu de arte da cidade israelita. O artista surge agora a garantir que não deu a sua autorização para que a peça integrasse a exposição.
Desde a semana passada, a exposição "Sacred Goods" ("Bens sagrados") tem gerado a contestação da parte da minoria de cristãos árabes, em especial pela peça "McJesus", com a mascote Ronald McDonald crucificada, mas também pelas criações da Virgem como uma Barbie e de Cristo como o boneco Ken.
A ira dos populares tem-se feito sentir e, no final da passada semana, o museu foi apedrejado, com três polícias a ficarem feridos. Os jornais israelitas dizem mesmo que uma bomba artesanal foi atirada contra as instalações.
גבר בן 32 נעצר ועוד ארבעה גברים עוכבו לחקירה בהפגנה מול מוזיאון חיפה, במחאה על תערוכה פוגענית ברגשות הציבור הנוצרי. המשטרה פיזרה את ההפגנה בכוח, תוך כדי שימוש ברימוני הלם. כמו כן, שלושה שוטרים נפצעו בראשם במהלך ההפגנה ופונו לקבלת טיפול רפואי @10elilevi @samiaah10 pic.twitter.com/1iO1BRjFfL
— חדשות עשר (@news10) 11 de janeiro de 2019
Hitler com a Torá
A fúria da comunidade cristã tem vindo a crescer ao longo dos últimos dias, enquanto a escultura "McJesus" continua em exibição e os manifestantes culpam o governo israelita por não intervir.
Se eles colocassem [uma escultura de] Hitler com um pergaminho da Torá, eles responderiam imediatamente", disse um dos manifestantes ao site noticioso israelita Walla.
Contudo, após protestos de líderes religiosos, na quinta-feira, a ministra israelita da Cultura, Miri Regev, escreveu ao diretor do museu, pedindo-lhe a remoção da escultura.
O desrespeito aos símbolos religiosos sagrados para muitos fiéis no mundo como um ato de protesto artístico é ilegítimo e não pode servir como arte numa instituição cultural apoiada por fundos estatais", escreveu a ministra.
O diretor do museu acedeu, segundo a imprensa israelita, a reunir-se com líderes religiosos cristãos e autoridades da cidade de Haifa, mas defendeu a presença da escultura na exposição, estranhando até a revolta que só agora causa. Porque, como lembrou Nissim Tal, a peça está em exibição há meses - desde 4 de agosto, segundo o site do museu - e foi mostrada noutros países sem incidentes.
Até ao momento, o museu recusou retirar o "McJesus", dizendo que iria infringir a liberdade de expressão. Mas, após os protestos, pendurou uma cortina sobre a entrada da exposição, com uma placa dizendo que a arte não pretende ofender.
É o máximo que podemos fazer. Se derrubarmos a arte, no dia seguinte teremos políticos exigindo que tiremos outras coisas e acabaremos apenas com fotos coloridas de flores no museu", sublinhou o diretor do museu.
Autor quer "McJesus" fora
Se bem que por razões distintas, também o artista finlandês de 40 anos, autor da escultura, exige a sua retirada da exposição patente em Haifa. Jami Leinonen fez saber que integra o "Movimento BDS", que apela ao boicote cultural a Israel, em defesa dos direitos e autodeterminação dos palestinianos.
Tive conhecimento da exposição e das manifestações. Incomodou-me muito, porque a peça é exibida contra a minha vontade. Pedi para a removerem, porque ingressei no Movimento BDS que boicota Israel. Com base nas respostas do curador, presumi que ele a tivesse removido da exposição", afirmou o finlandês à televisão israelita Keshet.
Em contraponto, o Museu de Arte de Haifa afirmou não ter recebido qualquer solicitação para remover "McJesus" da exposição.
A escultura foi emprestada por uma galeria na Finlândia como parte de um acordo. O museu nunca recebeu qualquer exigência para a remover da exposição", asseguraram os responsáveis à televisão Keshet.