Cidade chinesa quer reinventar aplicação de rastreamento da Covid-19 e torná-la permanente - TVI

Cidade chinesa quer reinventar aplicação de rastreamento da Covid-19 e torná-la permanente

China

Hangzhou vai adaptar a aplicação que rastreia doentes infetados com Covid-19 para analisar e classificar saúde e estilo de vida dos mais de dez milhões de habitantes

Na China, a autarquia de Hangzhou quer reinventar a aplicação para smartphone que tem vindo a rastrear a propagação do novo coronavírus e torná-la permanente para os mais de dez mil habitantes.

O objetivo será criar um “código de saúde” inspirado nos sistemas que surgiram durante o período pandémico que permitirá criar um ranking de cidadãos mais e menos saudáveis.

Até agora esta tecnologia mapeia e identifica se o utilizador esteve perto de algum doente infetado com Covid-19. No entanto, Hangzhou quer ir mais longe e tenciona rastrear cada movimento dos cidadãos, desde o que comem, ao que bebem, passando pelo que fumam.

Esta nova aplicação adicionará pontos às contas cujos utilizadores que adotem comportamentos saudáveis, como exercício físico, e retirará pontos a quem consumir bebidas alcoólicas, fumar ou tiver comportamentos sedentários, por exemplo.

Como demonstra a imagem traduzida pela CNN, os utilizadores serão classificados entre 0 e 100, com o valor a corresponder a um gradiente que varia entre vermelho e verde. Até ao momento, não se sabe quais as implicações ou benefícios que serão impostos aos cidadãos consoante a posição que atinjam no ranking.

Alguns exemplos de como as atividades diárias podem influenciar a classificação dos utilizadores são: 15 mil passos incrementam cinco pontos à pontuação, 200 mililitros de baiju (licor chinês) correspondem a uma diminuição de um ponto e meio e o tabagismo também será penalizado, com cinco cigarros a representarem um decréscimo de três pontos. A boa notícia para os residentes de Hanzhou é que sete horas e meia de sono equivalem a somar um ponto no ranking.

É inegável mundo a pandemia de Covid-19 levou os governos de todo o mundo a aumentarem a quantidade de dados dos cidadãos que são recolhidos, visando minimizar os efeitos de um surto infeccioso à escala global. Contudo, têm vindo a ser tornados públicos vários alertas e receios associados a estas práticas, que a longo termo se podem revelar autênticos atentados contra a privacidade individual.

Medos que estão a ser exacerbados entre os residentes de Hangzhou, desde a sexta-feira passada, quando a autarquia anunciou a nova aplicação. É certo que esta novidade até poderá representar uma melhoria a nível de saúde e bem-estar dos cidadãos, no entanto, pode vir representar um ataque ao conceito de privacidade individual.

Em Portugal, o tema tem ganhado especial destaque na agenda mediática, nos últimos dias, com o aparecimento de um protótipo de aplicação capaz de rastrear a propagação da pandemia de Covid-19, que não recorre a bases para o armazenamento de dados. 

Ainda assim, apesar dos defensores das aplicações de rastreamento garantirem que não há qualquer tipo de armazenamento dos dados recolhidos em bases de dados, muitos são os que argumentam que jamais colocariam a liberdade e privacidade em risco. Como explanou Miguel Sousa Tavares, na segunda-feira, em durante uma entrevista a José Tribolet, professor do Instituto Superior Técnico.

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