“Devemos ser pacientes para ver como os outros países reagem”, diz presidente do Irão - TVI

“Devemos ser pacientes para ver como os outros países reagem”, diz presidente do Irão

  • PP/AR - Atualizada às 23:00
  • 8 mai 2018, 20:51

Hassan Rohani diz que país mantém-se no acordo se os seus interesses forem respeitados

O Presidente iraniano, Hassan Rohani, anunciou hoje que o Irão “vai manter-se” no acordo nuclear de 2015 após a retirada dos Estados Unidos, caso os seus interesses sejam garantidos, e tomará decisões posteriores em caso contrário.

“Devemos ser pacientes para ver como os outros países reagem”, disse Rohani num discurso, numa alusão às restantes potências que assinaram o acordo nuclear, e sugerindo que pretende discutir com europeus, russos e chineses.

O Presidente Donald Trump anunciou hoje que os Estados Unidos abandonam o acordo nuclear assinado entre o Irão e o grupo dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha.

O acordo foi concluído em julho de 2015 entre o Irão e o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – EUA, Rússia, China, França e Reino Unido – e a Alemanha) e visa, em troca de um levantamento progressivo das sanções internacionais, assegurar que o Irão não desenvolve armas nucleares.

Conseguido depois de 21 meses de duras negociações, o acordo foi assinado, por parte dos Estados Unidos, pelo antecessor de Trump, Barack Obama.

Rússia "profundamente desapontada" com decisão de Trump

A Rússia está “profundamente desapontada” com a decisão do Presidente norte-americano de retirar os Estados Unidos do acordo sobre o nuclear iraniano, indicou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros, denunciando “uma violação grosseira do direito internacional”.

Estamos profundamente desapontados pela decisão do presidente norte-americano de sair unilateralmente” do acordo e de “restabelecer as sanções norte-americanas contra o Irão”, refere o ministério num comunicado. “Estamos extremamente preocupados por os Estados Unidos estarem a agir contra a opinião da maioria dos Estados (…), violando grosseiramente as normas do direito internacional”, adianta.

Segundo Moscovo, a decisão de Trump “é uma nova prova da incapacidade de Washington para negociar” e as “queixas norte-americanas sobre a atividade nuclear legítima do Irão servem apenas para acertar contas políticas” com Teerão.

A Rússia integra o grupo dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, juntamente com os Estados Unidos, Reino Unido, França e China, que com a Alemanha assinaram em 2015 com o Irão o acordo sobre o nuclear, apresentado pelos seus defensores como o melhor meio de evitar que Teerão obtivesse a arma nuclear.

“Não há qualquer razão para minar o acordo que provou a sua eficácia”, sublinha a diplomacia russa, adiantando que a Agência Internacional de Energia Atómica tem confirmado que Teerão está a respeitar os seus compromissos.

O Kremlin já tinha alertado Washington contra o abandono do acordo, considerando que a decisão representaria um duro golpe para o regime da não-proliferação nuclear.

Moscovo e Teerão têm boas relações políticas e económicas e são os dois principais aliados do regime sírio de Bashar al-Assad.

A Rússia construiu no Irão um reator nuclear na central de Bushehr e iniciou os trabalhos para dois novos reatores.

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