Histórias da Casa Branca: Hillary estanca a ferida - TVI

Histórias da Casa Branca: Hillary estanca a ferida

  • Germano Almeida
  • 3 nov 2016, 13:38
Donald Trump e Hillary Clinton

O momento ainda é de Trump, mas a queda livre da democrata parou. O favoritismo é de Clinton, mas o fator FBI ainda conta

A cinco dias da grande decisão, Hillary Clinton parece ter conseguido estancar a ferida.

A queda livre iniciada depois da “FBI Surprise”, e que em poucos dias tinha transformado a larga liderança de Hillary num quase empate nas sondagens nacionais, pelo menos parou e a candidata democrata volta a ser claramente favorita à eleição.

Sondagem Reuters/Ipsos, libertada ontem, dá seis pontos de vantagem a Hillary sobre Trump (45-39), exatamente a mesma diferença de há uma semana, antes do “fator FBI”.

Hillary surge três pontos à frente (47-44) na sondagem CBS/NYT. E dois pontos acima na ABC/WP (49/47), a mesma que há dois dias dava Trump à frente.

No terreno, o campo democrata carrega no acelerador. 

Barack Obama apelou ao voto negro na Carolina do Norte, com um aviso: “Não dá para desmobilizar. Toda a gente tem que ir votar. O voto antecipado diz-nos que os latinos estão a votar, mas para ser honesto, isso não está a acontecer com os negros. E isso tem que acontecer. Não está a ser tão sólido como devia ser”.

O diagnóstico é mesmo esse: a participação abaixo do previsto dos negros pode impedir a vitória de Hillary na Carolina do Norte.

Na semana passada, Clinton tinha entre 4 e 7 pontos de avanço nesse estado decisivo. Nos últimos dias, Trump passou para a frente. 

Noutra frente, e depois do porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, ter tido uma primeira reação demasiado cautelosa, referindo que "o Presidente não considera que o diretor do FBI tenha interferido nesta eleição e sabe que ele é um homem íntegro", Obama teve intervenção muito mais enérgica, de defesa de Hillary e censura à atitude de James Comey.

Em entrevista ao "NowThisNews", Barack considerou: "Não operamos com base em rumores, em informação incompleta e em fugas".

O destinatário era, claramente, James Comey e o modo, altamente duvidoso, como decidiu escrever a carta ao Congresso, em ato que poderá aproximar-se do abuso de poder e que não corresponde ao registo do diretor do FBI, por exemplo, em relação às suspeitas de ligação direta entre interesses russos e a campanha Trump. 

Do lado de Donald, tenta manter-se a ideia de que Hillary está derrotado depois do reavivar do caso dos emails.

Kellyanne Conway, diretora de estratégia da campanha Trump, lançou o mote otimista, com um toque levemente ameaçador: “Preparem-se para, a partir de dia 9, falar do presidente eleito Donald Trump”.

Trump, nos comícios, reforça a tecla de “Hillary desonesta”, lembrando: “Eles voltaram a pegar naquilo dos emails. Ela não é de confiar”.  

Hillary tem estado quase todos os dias na Florida e ontem teve uma boa notícia: recuperou a liderança no “sunshine state”, mas por apenas dois pontos (49-47, sondagem CNN/ORC).

Os dados do “early vote” mostram Clinton claramente à frente na Florida e na Pensilvânia e um empate técnico no Nevada e no Arizona. 

Mas é de prever que, neste ponto, Trump seja favorito pelo menos neste último estado, apesar do bom desempenho de Hillary até agora num reduto que, no último meio século, só por uma vez (1996, reeleição de Bill Clinton) votou por um presidente democrata. 

O Nevada é um dos principais campos de batalha neste momento. Hillary estava à frente, mas Trump deu um salto enorme nos últimos dias e surge na liderança (49-43), em sondagem de ontem CNN/ORC. 

Talvez por isso, a democrata esteve ontem em Las Vegas, sabendo que, se conseguir segurar o Nevada, pode até nem precisar da Florida para vencer claramente. 

Mas as contas continuam a favorecer muito Hillary. 

Há uma “firewall” que a democrata tem conseguido segurar, mesmo durante período de turbulência: Pensilvânia-Virgínia-Wisconsin-Michigan-Colorado-New Hampshire.

Com o Ohio a parecer relativamente seguro para Trump, Florida, Carolina do Norte e Nevada são, neste momento, os três maiores campos de batalha.

Precisamente porque sabe que deverá não bastar-lhe ganhar no Ohio e na Florida, Trump tem olhado cada vez mais para a Pensilvânia e até para o Michigan.

Não seria muito razoável achar que esses dois estados ainda estariam em jogo, mas para a matemática de Donald para os 270, será decisivo tentar arrecadar pelo menos um desses dois. 

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