Cães salvaram a vida dos habitantes de uma pequena cidade - TVI

Cães salvaram a vida dos habitantes de uma pequena cidade

Cães salvam pequena cidade do Alasca

Huskies siberianos foram os heróis que salvaram a vida de milhares de pessoas no decorrer de uma epidemia de difteria no Alasca, Estados Unidos. Aconteceu em 1925, mas esta história merece ser contada

Os cães são muitas vezes descritos como "os melhores amigos dos homens", mas o seu valor vai além disso. Fiéis como poucos, a sua contribuição e trabalho em equipas de resgate já salvou milhares, senão milhões, de vidas. Mas, em Nome, uma pequena cidade do Alasca, em 1925, os huskies siberianos salvaram toda a localidade e habitantes de uma epidemia de difteria.

Segundo explica a BBC, os huskies - que são conhecidos como um dos mamíferos terrestres mais rápidos em corridas de grandes distâncias - já despertavam a atenção dos habitantes de Nome, no inicio do século XX, quando um comerciante notou na rapidez destes cães inseridos numa tribo da Sibéria, denominada Chukchi.

Em janeiro de 1925, após um surto de difteria, – doença infectocontagiosa que apresenta um risco acrescido com a falta de vacinação e que, quando não tratada, pode ser fatal – os huskies siberianos foram destacados para levar a cura à pequena cidade assolada pela doença, num momento que ficou conhecido na história como a “Corrida do Soro de Nome”.

Como é que tudo aconteceu?

Quando as autoridades locais se depararam com o surto e com a falta de meios de sobrevivência, lembraram-se do potencial que estes cães demonstraram durante a Grande Corrida do Alasca de 1910.

A previsão de mortalidade para todos os habitantes era de 100%, visto que um soro, único meio capaz de resolver a situação, só existia em Nenana, cidade a mais de mil quilómetros de distância.

A 24 de janeiro, a operação de salvamento teve início e os cães foram distribuídos em vinte equipas para puxarem os trenós com o soro e percorrerem milhares quilómetros de gelo e neve, num dos invernos mais rígidos da altura.

Uma das equipas responsáveis por esta viagem, representada na imagem, foi conduzida por Leonhard Seppala que acabou cego devido a um nevão forte e, como tal, teve que confiar no instinto dos cães.

Pelo facto de as temperaturas terem sido tão baixas, a viagem, que deveria demorar cerca de 25 dias, teve de ser feita em menos de uma semana. Caso contrário, o soro expirava.

O feito foi conseguido, apesar de todas as adversidades e, entre os cães, foi destacado o desempenho de “Togo” e "Balto". De tal forma que, atualmente, encontramos uma estátua de Balto no Central Park, em Nova Iorque.

O que fez dos huskies siberianos uma raça tão eficiente?

O primeiro desafio que estes cães ultrapassam com grande facilidade é, naturalmente, o frio. Eles têm uma segunda camada de pelos que, de acordo com uma veterinária ouvida pela BBC, Kelly Credille, forma uma espécie de proteção extra que retém o calor junto ao corpo.

Para manter as temperaturas, as caudas compridas e peludas recebem ar quente durante a noite, já que cobrem o focinho enquanto os cães dormem.

Além disso, estes animais não perdem tanto calor pelas extremidades como os humanos e possuem vasos sanguíneos nas patas que ajudam na retenção desse mesmo calor. Tudo isto contribui para a temperatura equilibrada e acima do ponto de congelamento, segundo explica Dennis Grahn, da Universidade Stanford, na Califórnia.

Os humanos estão longe de conseguir chegar à performance destes animais porque, e acima de tudo, mesmo os atletas de alta competição não são capazes de alcançar a mesma energia. Para tal, tinham que desviar todo o sangue do corpo para os músculos, provocando o colapso de órgãos vitais.

Várias são as qualidades que justificam o desempenho destes cães, nomeadamente a inteligência, o trabalho de equipa e a ausência de agressividade, devido a séculos de cruzamentos seletivos por parte da tribo Chuckchi.

De todas as vezes que pensámos ter encontrado a explicação para esta incrível resistência, os cães trazem uma resposta diferente, que acreditávamos ser impossível", afirmou Michael Davis, da Universidade de Oklahoma, que estuda a energia dos puxadores de trenó há anos.

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