Menina de sete anos morre de desidratação após ser detida na fronteira dos EUA - TVI

Menina de sete anos morre de desidratação após ser detida na fronteira dos EUA

  • MC
  • 14 dez 2018, 12:17

Veio da Guatemala numa caravana de migrantes com o pai e com mais 163 pessoas. Esteve oito horas detida pelos serviços de proteção de fronteiras dos EUA e acabou por morrer por não ter “comido nem bebido água durante vários dias”

Uma criança de sete anos morreu de desidratação, depois de ter sido detida e de ter ficado sob custódia do serviço de proteção fronteiriça dos Estados Unidos.

De acordo com o Washington Post, a menina, cujo nome não foi revelado, nasceu na Guatemala e foi detida por ter atravessado ilegalmente a fronteira entre o México e os EUA, juntamente com o seu pai e com 163 pessoas no dia 6 de dezembro, pelas 22:00, a sul de Lordsburg, Novo México. Esta informação foi tornada pública na quinta-feira pelo jornal americano.

A criança e o pai foram detidos pela U.S. Customs and Border Protection (CBP), os serviços de proteção fronteiriça dos EUA. 

Desidratação extrema devido a “vários dias sem comer nem beber”

Segundo os relatórios da CBP, a menor começou a ter convulsões às 06:25, no dia 7 de dezembro, e foi rapidamente socorrida pelos paramédicos. Estes profissionais afirmaram que a temperatura corporal da rapariga era de 105,7 graus fahrenheit (40,9 graus celsius).

De seguida, a menina foi transportada de helicóptero para um hospital pediátrico em El Paso, uma cidade que faz fronteira com o México, onde entrou em paragem cardíaca.

A criança não recuperou e morreu no hospital menos de 24 horas depois de ter dado entrada”, informou o serviço fronteiriço ao Washington Post.

De acordo com um comunicado da CBP, a menina acabou por morrer de desidratação por não ter “comido nem bebido água durante vários dias.” Segundo as pessoas que a acompanhavam, a criança poderá não ter recebido alimentos e água durante as oito horas em que esteve à guarda dos Estados Unidos.

O pai continua em El Paso a aguardar uma reunião com as autoridades consulares de Guatemala, que estão a investigar o caso para apurar responsabilidades.

Num comunicado enviado ao jornal Washington Post, a CBP apresentou as suas “mais sinceras condolências à família da criança”, mas negou ter havido falhas da parte dos seus agentes.

“Os agentes da CBP tomaram todas as medidas possíveis para salvar a vida da criança sob as circunstâncias mais difíceis”, disse o porta-voz da CBP Andrew Meehan. “Como pais e mães, irmãos e irmãs, sentimos a perda de qualquer criança.”

No entanto, a ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis), uma organização de defesa de direitos cívicos, acusou a CBP de ter “uma cultua de crueldade e de falta de responsabilidade.”

O facto de ter demorado uma semana a saber-se isto mostra que é preciso haver mais transparência. Apelamos a uma investigação rigorosa sobre esta tragédia e à aprovação de reformas para se prevenir futuras mortes", disse a responsável da ACLU pela imigração, Cynthia Pompa.

 

Esperas intermináveis na fronteira dos EUA

Este caso voltou a suscitar críticas sobre as condições dadas aos cidadãos que são detidos ao tentarem entrar ilegalmente nos EUA.

Nas últimas semanas, cerca de 7.500 migrantes chegaram à fronteira dos EUA a partir da América Central, para tentarem fugir do contexto hostil dos seus países de origem, que são maioritariamente a Guatemala, as Honduras e El Salvador.

Muitos pretendem ficar nos Estados Unidos, apesar de as autoridades norte-americanas afirmarem que qualquer um que entre no país ilegalmente poderá ser preso, condenado ou deportado.

No mês passado, vários agentes presentes na fronteira dos EUA utilizaram gás lacrimogéneo contra uma multidão de pessoas, que tentaram atravessar a fronteira. Os agentes afirmaram que estavam a defender-se porque foram agredidos e atingidos com pedras.

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