Irmãs fingem ser rapazes para manterem barbearia do pai aberta - TVI

Irmãs fingem ser rapazes para manterem barbearia do pai aberta

  • JFP
  • 17 jan 2019, 17:18
Neha Kumari na barbearia do pai

Indianas de 18 e 16 anos tiveram que cortar o cabelo e usar acessórios geralmente usados por jovens do sexo masculino quando o pai adoeceu e deixou de poder trabalhar

Duas jovens indianas tiveram que mudar radicalmente de estilo de vida quando, em 2014, o pai delas adoeceu e teve que deixar de trabalhar. Naturais de uma zona rural e conservadora do norte da Índia, foram obrigadas a fingir ser rapazes para poderem manter o negócio do pai ativo.

Jyoti Kumari e Neha, de 18 e 16 anos respetivamente, começaram há quatro anos a trabalhar no salão de barbearia do pai, no estado indiano de Uttar Pradesh.

Inicialmente, com o pai doente, fecharam as portas, mas tiveram que reabrir aquele que era o único sustento da família. Sem o principal trabalhar, as jovens decidiram arregaçar as mangas e tomar o lugar.

Numa região muito conservadora, homens terem a barba e cabelo feitos por mulheres não era bem visto e as irmãs viram-se obrigadas a ter que adotar um estilo novo para poderem seguir com o negócio.

Decidimos mudar a nossa aparência para que ninguém nos identificasse”, esclareceu Jyoti ao The Guardian, depois de afirmar que, ao início, os clientes mostravam-se céticos quanto a serem tratados por duas mulheres.

As irmãs cortaram o cabelo, começaram a usar as pulseiras prateadas de metal que os rapazes usam e adotaram nomes masculinos: Deepak e Raju.

Naquela terra, de cerca de 100 casas, várias pessoas conheciam a verdadeira identidade delas, mas nos quatro anos muitos clientes de regiões próximas não sabiam a verdade, o que lhes permitia ganhar o dinheiro suficiente para o tratamento do pai e para manter as contas de casa.

Tivemos vários problemas ao início. Pessoas daqui maltrataram-nos, mas nós ignorámos e focámo-nos no nosso trabalho. Nem tínhamos outra opção”, contou a irmã mais nova.

As jovens só abriam a barbearia à tarde para poderem continuar a estudar. A mais velha já acabou os estudos, mas Neha ainda continua a ir à escola.

À medida que estes quatro anos foram passando, ambas foram revelando a algumas pessoas a verdadeira identidade, tendo em conta a confiança que iam ganhando.

Agora já ganhámos confiança e já não temos tanto medo. A maior parte das pessoas vem sabendo que somos raparigas”, afirmou Neha, cuja irmã já começou a deixar crescer o cabelo.

A história tornou-se conhecida e um jornalista de uma cidade próxima publicou-a, levando-a a mais pessoas e, até, ao governo que decidiu atribuir honras às irmãs pelo que passaram e onde chegaram.

Elas representam a história fantástica de que uma pessoa pode sobreviver apesar as contrariedades”, afirmou ao jornal britânico Abhishek Pandey, oficial do governo. “As irmãs são uma inspiração para a sociedade e a história delas deve ser contada às massas”, frisou.

O pai de Jyoti e Neha diz que ver as filhas a trabalhar o incomoda, mas que o deixa sobretudo orgulhoso.

Dói-me muito quando sei que estão na barbearia a trabalhar, mas deixa-me muito orgulhoso das minhas filhas. Elas tiraram a família de uma crise repentina”, sublinhou Dhruv Narayan.

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