Menina de 13 anos morre após mais de dois meses de jejum - TVI

Menina de 13 anos morre após mais de dois meses de jejum

Menina indiana

Aradhana Samdariya professava uma fé no jainismo, uma das religiões mais antigas da Índia. Após realizar um jejum de 68 dias, morreu. A polícia quer agora saber se terá sido forçada

Sem comer, durante mais de dois meses, morreu.

Segundo os seus pais, Aradhana, a menina de 13 anos, decidiu voluntariamente realizar um jejum durante 68 dias, sem se alimentar, seguindo o que está prescrito pela religião jainista. Acabou por morrer.

A polícia indiana, do sul da cidade de Hyderabad, disse à BBC que precisa de averiguar se a menina não foi forçada a fazer esse jejum.

O caso está a levantar uma forte polémica na sociedade indiana, levantando o debate sobre a prática do jejum religioso.

Segundo informações da imprensa indiana, a menina morreu dois dias após ter cancelado o jejum.

Com base na ideia de que o ser humano pode sobreviver mais de dois meses sem se alimentar, o jejum é uma prática advogada pela religião jainista, minoritária na Índia.

Homicídio por negligência

As investigações decorrem. Mas a polícia suspeita que os pais possam ser culpados de homicídio por negligência. Segundo a lei indiana da Justiça Juvenil, podem também ser acusados de crueldade contra menores.

Os pais da menor contrariam as acusações, afirmando que nunca motivaram a filha para a prática do jejum fatal.

Ela pediu permissão para realizar o jejum. Pedimos-lhe para parar depois de 51 dias, mas não desistiu. O seu jejum foi voluntário e ninguém a forçou”, disse o pai de Aradhana, em declarações à BBC.

Também o avô da rapariga afiançou que a neta já antes tinha realizado semelhantes privações, com a ideia fixa de se tornar uma religiosa jainista.

Aradhana tinha vontade de se tornar freira. Queria estar 68 dias sem comer porque há 68 letras no mantra Navkar Maha. Não a forçámos a tal", afirmou o avô, segundo o site do jornal Deccan Chronicle.

Prendam os pais!

Contra a versão da família, insurgiu-se já o ativista Achyut Rao, presidente da Hakkula Sangam, uma associação indiana de defesa das crianças.

Dizem os ativistas que ao fim do jejum da aolescente, houve uma celebração em casa dela, seguindo um real religioso, que mostrou ser fatal para Aradhana.

Tratou-se de 'tapaswini' (ritual ascético feminino). Isto é um homicídio planeado. Ela foi obrigada a passar fome por demasiados dias. Só lhe era permitido beber água do pôr ao nascer do sol, sem comer, durante 68 dias", afirmou Rao ao site dnaindia.

Agora, Rao tejm receio que a irmã mais nova de Aradhana possa ser levada a seguir o mesmo caminho e exige a detenção dos pais das raparigas.

Toda a nação deveria ter vergonha deste tipo de prática continuar a existir. O pai aconselhou a família a realizar um jejum durante 68 dias, para que o seu negócio se tornasse rentável”, referiu à BBC Hindi, o ativista Achyut Rao.   

A prática deste jejum é comum entre os jainistas, uma religião minoritária na Índia.

A morte da adolescente volta a colocar todas as atenções na prática deste jejum, defendida pelos jainistas, inclusive através das redes sociais, mas igualmente condenada por muitos como imoral e inaceitável.

Continue a ler esta notícia