Sete anos após violação e homicídio que chocou o mundo, agressores foram executados - TVI

Sete anos após violação e homicídio que chocou o mundo, agressores foram executados

  • Sofia Santana
  • 20 mar 2020, 11:49
INDIA

Quatro homens foram condenados à morte em 2013 por terem violado e assassinado uma jovem de 23 anos, num autocarro, na Índia. Esta sexta-feira foram executados

Quatro homens foram executados na Índia, acusados de terem violado e assassinado uma estudante de 23 anos de Nova Deli, num autocarro. O caso, que remonta a 2012, chocou o mundo e, na altura, pôs em evidencia o problema das agressões sexuais no país.

Akshay Thakur, Mukesh Singh, Pawan Gupta e Vinay Sharma foram enforcados, esta sexta-feira, em Nova Deli, quase sete anos depois do crime ter ocorrido.

Os quatro homens foram condenados à morte em 2013 por terem violado e assassinado uma jovem de 23 anos, num autocarro.

Três arguidos recorreram ao Supremo Tribunal indiano, mas todos os recursos foram negados, incluindo o pedido de indulto apresentado ao presidente do país, Ram Nath Kovind.

O crime chocou a Índia e o mundo. Aconteceu a 16 de dezembro de 2012, quando a jovem e o namorado seguiam num autocarro para casa depois de terem ido ao cinema ver o filme “A Vida de Pi”. No veículo, um grupo de homens roubou os pertences do casal, levou a vitima para a parte de trás do autocarro, violou-a e agrediu-a com varas de ferro. O namorado também foi espancado e amarrado durante o ataque.

O grupo lançou depois as vítimas, nuas, para fora do autocarro, limpou o veículo com as suas roupas e dividiu os pertences como os telemóveis e os relógios entre si.

A estudante morreu duas semanas depois do ataque num hospital de Singapura, com ferimentos graves no corpo e no cérebro.

Logo depois do crime, seis suspeitos foram localizados pela polícia. O mais velho, um condutor de autocarros de 34 anos, que conduzia regularmente o veículo onde o crime teve lugar, foi acusado, mas nunca condenado porque ter-se-á suicidado na prisão. A família alegou que o homem foi assassinado na cadeia. O mais novo, que à altura dos factos tinha 17 anos, foi condenado a passar três anos num centro de correção juvenil e acabou por ser libertado em 2015.

Os outros quatro homens, com idades entre os 19 e os 28, é que foram condenados à morte.

Numa entrevista à BBC, em 2015, o mais novo, Mukesh Singh, prestou declarações chocantes ao afirmar  que “uma rapariga decente não anda fora de casa às 21:00”. “Uma rapariga é mais responsável pela violação do que um rapaz”, disse o jovem ao canal britânico.

O caso gerou vários protestos no país, que pediram justiça para "Nirbhaya", o pseudónimo pela qual a jovem assassinada ficou conhecida e que significa “sem medo”.  A lei indiana não permite que as vítimas de determinados crimes sejam identificadas.

Os manifestantes pediram leis mais duras para as agressões sexuais na Índia, onde, de acordo com dados de 2018, uma mulher é violada a cada 16 minutos.

Apesar dos relatos de violações serem comuns no país, a execução de condenados é invulgar.

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