Rio Ferdinand: o álcool como refúgio após a morte da mulher - TVI

Rio Ferdinand: o álcool como refúgio após a morte da mulher

Central: Rio Ferdinand (Reuters)

Ex-internacional inglês relata o choque ao ter de lidar com o dia a dia como pai e mãe

Foi há dois anos que Rebecca, mulher de Rio Ferdinand, morreu vítima de cancro da mama. Além de ter de lidar com a própria dor, o ex-capitão da seleção inglesa tinha então que ocupar os papéis de pai e mãe. Num documentário da BBC, Rio Ferdinand conta que viveu momentos negros e que recorreu à bebida para lidar com a depressão.

«No futebol não tinha de levantar um dedo antes de entrar em campo… Tudo era feito por nós. Quando chegamos ao balneário está lá o nosso equipamento. Quando terminamos o jogo, atiramos o equipamento para o chão que alguém vai lá depois e apanha. Alguém vai limpar as botas e ainda nos pergunta se está bem assim», contou.

«Mesmo quando íamos de férias, eu só tinha que fazer a minha própria mala, porque a Rebecca tratava de tudo o resto», recordou.

«Eu costumava acordar, vestir-me, tomar pequeno-almoço com eles [filhos], levá-los à escola e depois ir treinar, e achava que estava a fazer a minha parte. Mas aquela era a parte fácil. Onde estão os sapatos deles? As roupas? Nós, homens, somos uns ignorantes. As mulheres cuidam da família e da casa e julgamos que isso não é um trabalho. É um trabalho muito duro e importante».

Mas, de repente, tudo mudou e até as tarefas mais simples se mostravam complicadas. «Como é que marco consulta no médico? Sempre fui ao médico do clube. Não fazia ideia».

«A Rebecca fazia a cama deles de determinada forma, e quando eles me diziam isso, sentia-me quase insignificante. Pensava: ‘O quer que eu faça, nunca vai ser suficiente».

O ex-jogador revelou ainda que recorreu à bebida para lidar com o luto. «Eu saía do quarto à noite e bebia muito nos primeiros três ou quatro meses. No dia seguinte, eu acordava para levar as crianças à escola. Por isso é importante ter uma rede de pessoas à volta», contou, dizendo que se tornou «mais solidário» com pessoas que passam por momentos assim.

Um dos momentos dolorosos foi quando um dos filhos quis saber o que era o quadro com muitos papéis e fotografias afixados na parede do hospital.

«São cartões de agradecimento dos doentes e das famílias deixados aos médicos e enfermeiras por terem ajudado a mãe, o pai ou outro parente que aqui esteve internado», respondeu o jogador.

«Bem, eles não ajudaram a minha mãe», respondeu-lhe o filho, e virou as costas e foi-se embora.

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