Histórias da Casa Branca: mais ou menos governo? - TVI

Histórias da Casa Branca: mais ou menos governo?

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  • Germano Almeida, em Washington D.C.*
  • 3 nov 2012, 11:07
Germano Almeida

Obama tem uma perspetiva que muitos consideram excessiva sobre o papel do executivo. Romney segue o mantra do «small government»

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O duelo Obama/Romney é, alem de muitas outras coisas, uma disputa de visões totalmente diferentes sobre o papel do governo.



Barack Obama bateu-se, no seu primeiro mandato presidencial, por batalhas que implicaram enormes investimentos federais: o «bailout» aos bancos, o plano de estímulo à economia, o American Jobs Act, a Reforma da Saúde.



Mitt Romney, embora seja mais racional que a ala ultraconservadora do seu partido em matérias de moral e costumes, alinha no mantra republicano de cortar na despesa e rejeitar tudo o que seja investimento público.



Numa eleição especialmente dominada pela Economia, esta tem sido a principal fratura entre os dois candidatos. Quem tenha visto o terceiro debate presidencial, percebe que, na politica externa, por exemplo, há mais pontos em comum do que discordâncias.



A forma de utilizar o peso do governo, essa sim, é a grande diferença. As convenções foram uma excelente demonstração disso.



Barack Obama definiu, em Charlotte, a sua posição: «Não acreditamos que o governo é a solução para todos os nossos problemas. Mas também não acreditamos que o governo seja a fonte de todos os nossos problemas».



Obama tentou corporizar na Presidência dos Estados Unidos a ideia de que o poder federal deve ser exercido para «criar oportunidades», de modo a que «numa sociedade partilhada, todos tenham a possibilidade de prosperar, desde que façam a sua parte».



Julian Castro, mayor democrata de San Antonio, Texas, resume assim esta ideia: «Oportunidade hoje, prosperidade amanhã».



Mitt Romney tem uma visão completamente diferente do tema. Os republicanos querem recuperar o controlo da Casa Branca para aplicarem na presidência o que já fazem na Câmara dos Representantes: menos governo, menos impostos, dar espaço quase total à iniciativa empresarial.



É esse o sentimento da base conservadora: aproveitar uma possível vitória de Mitt Romney a 6 de novembro para rejeitar programas como o ObamaCare e colocar em prática uma visão que foi esquematizada pelo candidato a vice de Romney, Paul Ryan, num documento a que o congressista do Wisconsin chamou de «Path to Prosperity».



Num país como a América, será mais fácil para os republicanos defenderem politicamente as suas posições. A forma como os EUA foram construídos leva a que se dê primazia à liberdade individual (e uma das suas facetas é a liberdade empresarial).



Rick Santorum, candidato ultraconservador, chegou mesmo a acusar Barack Obama de, com os seus pesados programas federais, se estar a «intrometer na relação direta de Deus com o povo».



Frases como esta dão conta da forma quase literal como os republicanos estão a encarar a questão. Romney percebeu que tinha que moderar o discurso se quisesse ser presidente - e apresenta-se agora como um candidato com propostas fiscais para a classe média, depois de um ano a defender uma taxação abaixo dos 12 por cento aos mais ricos.



Como Bill Clinton resumiu em Charlotte «o ticket Romney/Ryan defende uma sociedade winner-takes-all, enquanto a candidatura Obama/Biden acredita numa sociedade partilhada».



A 6 de novembro, os americanos dirão o que preferem.



Faltam 3 DIAS para as eleições presidenciais nos EUA.

* Germano Almeida é jornalista, autor do livro «Histórias da Casa Branca» e do blogue Casa Branca. Está em Washington ao abrigo da bolsa da Fundação Luso-Americana sobre as eleições presidenciais americanas
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