Histórias da Casa Branca: palavra mágica é mobilização - TVI

Histórias da Casa Branca: palavra mágica é mobilização

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  • Germano Almeida, em Washington D.C.*
  • 1 nov 2012, 11:15
Germano Almeida

A tese da vantagem de Obama nos estados decisivos só será confirmada nas urnas se a afluência for elevada

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Há quatro anos, Barack Obama venceu folgadamente John McCain porque obteve enormes vitórias em segmentos como os negros (95%), os jovens (70%), os hispânicos (68%) e as mulheres (57%).



Para Obama conseguir a reeleição, bastaria que repetisse um triunfo expressivo na chamada «grande coligação».



Olhando para a tendência das últimas semanas, percebemos que Mitt Romney tem conseguido recuperar o atraso em alguns desses segmentos, sobretudo nas mulheres. Mesmo assim, o candidato democrata continua a obter a preferência da grande maioria em eleitorados que têm um peso cada vez maior no mapa demográfico norte-americano.



A tese segundo a qual o Presidente mantém boas hipóteses de ser reeleito é fundada em duas ideias essenciais: a forte implantação que a sua campanha tem nos estados decisivos e as vantagens que Obama mantém na «grande coligação».



Ora, esta tese só será confirmada nas urnas se a afluência for elevada. As consequências do Sandy e uma certa desilusão de uma boa parte da base de apoio de Obama são dois «cisnes negros» que podem prejudicar o candidato democrata.



O caso de Mitt Romney É praticamente o oposto: tem um eleitorado de base muito fiel (estadoS do Sul e massa central dos EUA, com exceções dos bastiões de Obama no Midwest), terá certamente grande vantagem nos homens brancos, na população com mais de 65 anos e no eleitorado com rendimentos mais elevados.



Nos EUA, o tipo de eleitorado que vota é muito flutuante, O sucesso de Obama em 2008 teve muito a ver com a capacidade de levar às urnas milhões de eleitores que não costumam votar, mas que, pelas suas características, preferem votar no candidato democrata.



Obama, que há quatro anos concorreu à presidência numa plataforma de «esperança, mudança e reconciliação», tem agora uma perspetiva bem mais pragmática, que passa por «garantir que a América não volta aos tempos de Bush». Como nota o escritor e historiador Douglas Brinkley, «mais do que o yes we can, Obama está agora a dizer no you won't. Não, republicanos, vocês não irão conseguir levar a América a recuar em questões como os direitos das mulheres, a saúde ou os direitos das minorias».



Esse tipo de discurso seria, numa situação normal, muito eficaz para chegar à tal «vasta coligação» que elegeu Obama em 2008. Mas Mitt Romney tem sido mestre em focar a mensagem na Economia - e conseguiu captar a preferência de uma boa fatia de independentes que, há quatro anos, estiveram em peso com Obama.



Na matemática eleitoral, o dado mais preocupante para Obama tem sido a preferência dos independentes por Romney. Por muito que o Presidente repita na campanha que «o governador Romney passou por um extreme makeover e já não se pode confiar no que diz», a verdade é que o eleitorado que não está vinculado a nenhum dos campos tem mostrado maior inclinação para a proposta republicana nestas eleições.



Esta eleição está em aberto, mantém empate técnico nas sondagens, mas curiosamente não é uma eleição com muitos indecisos.



A chave para vitoriá está na mobilização. Será essa a palavra mágica a 6 de novembro.

Faltam 5 DIAS para as eleições presidenciais nos EUA.

* Germano Almeida é jornalista, autor do livro «Histórias da Casa Branca» e do blogue Casa Branca (http://casabranca2012.blogspot.com). Está em Washington ao abrigo da bolsa da Fundação Luso-Americana sobre as eleições presidenciais americanas
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