Livro acusa novo Papa de colaborar com a Junta Militar argentina - TVI

Livro acusa novo Papa de colaborar com a Junta Militar argentina

Papa Francisco (Reuters)

«El Silencio», publicado em 2005, diz que Jorge Bergoglio ajudou no sequestro de dois sacerdotes jesuítas em 1976

O anúncio de que Jorge Mario Bergoglio foi eleito o 266º Papa nesta quarta-feira reavivou uma polémica iniciada há oito anos, pouco antes do conclave que resultou na escolha de Joseph Ratzinger como sucessor de João Paulo II.

O ponto de partida é um livro publicado em 2005, pelo jornalista argentino Horacio Verbitsky, que é também presidente do Centro de Estudos Legais e Sociais, organismo que investiga crimes ocorridos no período da ditadura militar. Nesse livro, intitulado O Silêncio, Verbitsky investiga as relações secretas entre as autoridades da Igreja católica e a ESMA, Escola Mecânica da Armada que durante os anos da ditadura (1976-83) foi utilizada como centro clandestino onde eram prisioneiros políticos eram executados e torturados.

A dado passo do livro, num capítulo chamado «As duas faces do cardeal», Verbitsky acusa Bergoglio, então responsável máximo pela Companhia de Jesus, de ter contribuído para o sequestro e detenção ilegal, em maio de 1976, de dois sacerdotes jesuítas, Francisco Jalics e Orlando Yorio após ter manifestado suspeitas de que estes mantinham «contacto com guerrilheiros».

Segundo documentos que Verbitsky diz ter em seu poder, Bergoglio teria feito esses comentários a um responsável militar, ao entregar um pedido de renovação do passaporte de Jalics. Na preparação do livro, Bergoglio, que já ocupava o cargo de arcebispo de Buenos Aires, aceitou ser entrevistado por Verbitsky, tendo desmentido as acusações. Na sua versão, os contactos com a junta militar foram, precisamente, no sentido de conseguir que Jalics e Yorio fossem libertados da ESMA.

Outro foco de polémica nas relações da Igreja argentina com a junta militar, é uma ilha, propriedade da Igreja, localizada no Delta do Tigre, a norte da capital, onde estava situada a casa de férias do arcebispo de Buenos Aires. A ilha, cuja alcunha «El Silencio» dá titulo ao livro, teria sido vendida à Armada argentina, em 1979, para ser criado um outro centro de detenção clandestino, com o conhecimento das autoridades eclesiásticas. Uma acusação que Jorge Bergoglio também desmentiu, em 2010, quando foi chamado a depôr pelas autoridades argentinas.

Veja as acusações de Verbistsky feitas no programa Visión 7, da TV Publica Argentina:

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