Nem os políticos escapam ao «Big Brother» - TVI

Nem os políticos escapam ao «Big Brother»

Obama e Medvedev (EPA/MIKHAIL KLIMENTYEV)

Edward Snowden revela documentos que mostram que o Reino Unido e os EUA espiaram políticos numa cimeira do G20. Nem Medvedev escapou

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Quem participou das duas reuniões da cimeira do G20 que ocorreram em Londres, em 2009, foi provavelmente espiado pelos governo britânico e norte-americano. À lista de funcionários que viram a linha entre a privacidade e segurança ser ameaçada, juntam-se também vários políticos internacionais. A revelação partiu, mais uma vez, do jornal The Guardian, que cita documentos confidenciais aos quais teve acesso através de Edward Snowden. As revelações estão já a incendiar em relações diplomáticas com alguns países, como a Turquia e a Rússia, e é já um dos temas na cimeira do G8, que decorre, por este dias, na Irlanda do Norte.

Entre as formas de espionagem terá estado o «engano» a que terão sido levados vários delegados. Os serviços de inteligência britânicos terão montado vários postos de Internet no recinto com o intuito de espiar os mails dos participantes que pensavam estar a utilizar cibercafés. O novo escandâlo de espionagem está diretamente ligado às revelações de Edward Snowden, o «Garganta Funda», que na semana passada chocou muitos ao revelar que os EUA, através da sua agência de segunraça (NSA), espiavam milhões de computadores e telefones de cidadãos.

A quebra da privacidade em nome da segurança contra o terrorismo, ainda que polémica, foi aceite pela maioria dos norte-americanos, segundo revelou uma sondagem. No entanto, os novos factos que agora o Guardian dá conta levantam a suspeita de que os espiões britânicos tenham utilizado a nova tecnologia, com intuito de obter vantagens nas negociações e para espiar não inimigos, mas sim aliados de longa data, como é o caso da Turquia ou da África do Sul.

As suspeitas em torno deste tipo de espionagem já existiam, mas a prova cabal parece só agora ter sido descoberta com a revelação dos documentos classificados como Top secret. Segundo o Guardian, que consultou a documentação, durante Abril e Setembro de 2009, os serviços de inteligência britânicos usaram «capacidades de inteligência inovadoras» para interceptar as comunicações das delegações em visita. Para além dos cibercafés, os espiões quebraram ainda a segurança dos BlackBerry para intercetar chamadas e mails e assim fornecer, em tempo real, informação privilegiada sobre a cimeira ao Reino Unido. O primeiro-ministro da altura, Gordon Brown, terá tido conhecimento do procedimento.

A notícia surgiu esta segunda-feira precisamente quando decorre uma nova cimeira, desta vez do G8, na Irlanda do Norte. David Cameron enfrenta agora um denso fogo diplomático. Um dos principais alvos das escutas foi o ministro das Finanças turco, Mehmet Simsek, mas também o então ministro dos Negócios Estrangeiros sul-africano, Nkosazana Dlamini-Zuma, terá sido escutado. Os EUA também terão participado e os agentes da NSA, em Londres, terão ouvido os telefonemas do então Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, horas depois de ter conhecido Obama pela primeira vez.

A Turquia já reagiu à notícia e, «a ser verdade», classifica a atitude do Reino Unido como «escandalosa» e «inaceitável». Em comunicado, o ministério turco disse: «Esta alegações são muito preocupantes. A serem verdade, isto vai ser um escândalo para o Reino Unido, numa altura em que a cooperação internacional depende da confiança mútua, do respeito e da transparência. Este tipo de comportamento por um país aliado, é inaceitável». Posição semelhante demonstrou a África do Sul que exigiu uma investigação.

Também a vigilância às comunicações secretas russas durante a cimeira, desta feita pelos EUA, está a lançar uma sombra na cimeira do G8. Oficialmente ainda não há reações, mas fontes diplomáticas russas admitem que as relações entre os dois países vão enfrentar sérias dificuldades, estando neste momento em causa a «sinceridade» de Obama.
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