O aviso de Tsipras a Passos: «O povo não perdoa o desprezo e a mentira» - TVI

O aviso de Tsipras a Passos: «O povo não perdoa o desprezo e a mentira»

Líder do Siriza enviou uma mensagem ao Comício Internacional do Bloco, que se realizou em Lisboa

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Era uma das estrelas do cartaz para o Comício Internacional organizado pelo Bloco de Esquerda, mas tornou-se na principal ausência. Alexis Tsipras ficou em Atenas para continuar a debater o orçamento grego do próximo ano, mas não deixou de gravar uma mensagem vídeo, que foi projetada no Pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa.

Muito crítico para com o Governo de Samaras, o líder do Syriza falou num «novo golpe de estado parlamentar sem precedentes» e deixou um aviso ao primeiro-ministro português:

«O primeiro-ministro grego, Samaras, parece esquecer-se ou não se quer lembrar do que aconteceu aos seus dois predecessores, Papandreou e Papademos. Samaras esquece ou não quer compreender que o povo não perdoa o desprezo e a mentira. E faria bem em lembrar isso ao seu colega, o primeiro-ministro português, Passos Coelho».

Tsipras falou nas «medidas bárbaras» impostas pela «troika interna», que preveem o «corte de 13,5 biliões de euros em salários, pensões e despesa pública em saúde, educação e serviços sociais. E, logo depois destas medidas, o parlamento grego é chamado a votar neste fim-de-semana o mais duro e classista orçamento do período pós-ditadura».

«Sigam os desenvolvimentos na Grécia», sugere, alertando para a vontade das instituições europeias em «empobrecer os países». Tsipras, que quase conseguiu vencer as eleições na Grécia, exige novo ato eleitoral no país «para parar o desastre» e «salvar o povo da nova tirania».

«A estratégia de transformar os países com grandes dívidas públicas em grandes «zonas económicas especiais» sem soberania popular, sem direitos laborais e sociais, entrega a ideia europeia às mãos do grande capital, destrói qualquer possibilidade de uma real integração europeia e reforça os conceitos nacionalistas e chauvinistas», frisou Alexis Tsipras, que considera a próxima quarta-feira como uma oportunidade de os povos lançarem uma mensagem poderosa:

«No dia 14 de novembro, a nossa Europa, a Europa da resistência e da democracia, a Europa da alternativa, encherá as ruas, por ocasião da primeira greve geral europeia. A voz de Atenas juntar-se-á às vozes de Lisboa, de Madrid, de Roma, de Paris, de Londres e de Berlim».

«A arrogância do governo de Merkel é insuportável»

Outro dos ausentes do comício internacional do Bloco foi Jean-Luc Mélenchon. O líder da Frente de Esquerda francesa adoeceu nas últimas horas e não pôde comparecer em Lisboa. Uma mensagem sua foi lida por Céline Meneses, secretária internacional do Partido de Esquerda.

«A cadeia europeia vai quebrar-se. Não sei como, de que lado, mas vai quebrar-se. Será na Grécia, em Portugal, em Espanha, na Grécia? Será por um acontecimento fortuito, por eleições, pelas massas? Não sabemos. Basta que quebre num só ponto para que o sistema bancário se esboroe e aí estaremos na primeira linha. Por pouco que Tsipras não foi primeiro-ministro», escreveu Mélenchon

«A arrogância do governo de Merkel é insuportável», acrescentou, lançando uma mensagem de esperança: «É nosso dever estar na primeira linha, custe o que custar, para lutar contra a extrema direita. Somos um dos futuros possíveis da União Europeia».

«Temos que vencer a troika»

Pela primeira vez uma iniciativa do BE contou com a intervenção do líder da Izquierda Unida espanhola. Cayo Lara marcou presença em Lisboa para concordar com a mensagem que serviu de mote para este Comício:

«Temos que vencer a troika. Estão a provocar a morte das pessoas pelos benefícios da banca, porque insistem nestas medidas de fracasso. Há que perceber que a dívida é ilegitima para depois não pagarmos o que não devemos pagar». O espanhol não tem dúvida de que o «o modelo da União Europeia está fracassado».
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