«Pode haver algo de bom numa violação: um filho, uma dádiva de Deus» - TVI

«Pode haver algo de bom numa violação: um filho, uma dádiva de Deus»

Professora de prestigiada universidade espanhola deixa alunos indignados

Pela violação, violência doméstica e infidelidade, contra o aborto e a homossexualidade. Houve quem não tivesse estômago para ouvir até ao fim uma professora da prestigiada universidade privada espanhola CEU Cardenal Herrera, em Valência. A indignação dos alunos chegou mesmo à classe política.

«Pode haver algo de bom numa violação: um filho, uma dádiva de Deus», «as mulheres maltratadas não devem separar-se porque o amor é isso», «Mesmo que o teu marido te seja infiel, a verdadeira prova de amor é continuar a amá-lo com lágrimas nos olhos, como Jesus chorava na cruz» foram algumas das considerações proferidas por Gloria Casanova, numa aula de Doutrina Social da Igreja, na terça-feira, e que chegaram ao El País sob a forma de protesto estudantil.

«Foi insuportável, não dá para aguentar uma aula destas», contou ao diário espanhol um dos universitários presentes e que deu conta do teor da lição de Gloria Casanova.

A disciplina é obrigatória e os alunos estão acostumados ao tom conservador e coincidente com as posições da Igreja Católica.

O tema desta terça-feira versava sobre a homossexualidade e o casamento gay. «Passou-se! Houve gente que saiu a meio por não conseguir aguentar mais», contou outro aluno ao El País.

Numa aula apenas falada, sem recurso a textos ou a livros, Gloria Casanova garantiu, também, a existência de estudos «que demonstram que os filhos de pais homossexuais têm mais distúrbios de personalidade» ou que «é possível redirecionar» a homossexualidade.

A docente recusou prestar declarações ao jornal, mas, para a conselheira da Educação da CEU, enquanto professora universitária Gloria Casanova tem essa liberdade, de poder decidir o tema e expressar as suas opiniões num determinado momento e contexto.

Desde esta manhã que a página de Facebook da universidade está a ser alvo dos alunos, que forçaram a reação da CEU, através de comunicado no mesmo espaço.

«A CEU fomenta a discussão plural, a reflexão entre alunos e professores e acolhe todas as opiniões que reflitam a ideologia da universidade. Ouvir os estudantes é uma prioridade, tal como cultivar o seu espírito crítico e fomentar as suas próprias reflexões. O debate suscitado impulsiona a universidade a promover um foro universitário para debater e refletir sobre a Doutrina Social da Igreja», escreveu a CEU.

Ao nível regional, os partidos políticos da Comunidade Valenciana também manifestaram a sua opinião sobre as considerações de Gloria Casanova. O deputado Fran Ferri do Compromís pediu ao Parlamento que «garanta os direitos fundamentais dos alunos», enquanto a deputada da Esquerra Unida, Esther Barceló, considerou as afirmações da docente «execráveis, ofensivas, homofóbicas e patriarcais».
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