Viver dias a fio com os pés molhados - TVI

Viver dias a fio com os pés molhados

Britânicos estão há mais de um mês rodeados de água: até dentro de casa. Inverno britânico ameaça ser o pior dos últimos 250 anos

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Sair da cama num dia frio de inverno e mergulhar os pés em água gelada é um cenário difícil de ponderar nos dias em que o conforto do lar é um dos principais refúgios dos europeus. Este não é um cenário hipotético, mas sim a realidade que todos os dias milhares de britânicos tentam evitar. Aqui ao lado, a duas horas de avião, acordar com os pés secos e com a casa sem água passou a ser uma luta diária.

Reino Unido pede ajuda à UE para enfrentar mau tempo

O inverno de 2014 caminha para ser o inverno mais chuvoso dos últimos 250 anos na Grã-Bretanha e, provavelmente, o mais devastador. O número longínquo não deixa trazer à memória os efeitos de tempestades de outros tempos, mas dá significado ao drama diário que atingiu os britânicos, que, tal como a maioria dos europeus, não estão habituados a sofrer as consequências destruidoras das catástrofes da natureza.

Desde dezembro que caíram as primeiras chuvas fortes que causaram inundações a sudoeste do Reino Unido. O choque de ver a água entrar pela casa dentro e com ela levar o conforto e os bens foi substituído pela esperança de melhores dias. Mas a realidade tornou-se mais dura. Aqui ao lado, também como cá, ainda que em quantidades bem inferiores, a chuva não parou de cair. Por lá, os melhores dias não chegaram: a água não baixou. Vive-se com água na sala, no quarto e na cozinha. Trocou-se o carro pelo barco das férias.

As inundações não chegaram a todos os lares britânicos, é certo. Em Londres, vive-se ainda longe do medo da água, mas foi precisamente a ameaça de subida do rio Tamisa que levou David Cameron ao terreno e as autoridades a intensificar a ajuda aos britânicos que, lá mais para o sul da ilha, estão, em alguns casos, isolados e com água em casa, ou à porta, há mais de um mês.

São já mais de cinco mil as casas que foram inundadas. Um número que só é arrebatado pelas mais de 100 mil pessoas que ficaram sem eletricidade na noite desta quarta-feira. Realidades, e não cenários, que têm tendência a piorar. A Agência Ambiental avisou esta quinta-feira que «o mais provável é as coisas ficarem piores, antes de ficarem melhores». As previsões meteorológicas apontam para mais chuva nos próximos dias, a começar já esta quinta-feira, e por consequência mais cheias ao longo do rio Tamisa, que pode atingir, em alguns locais, recordes que não são alcançados desde 1947.

Também esta quarta-feira, milhões de britânicos enfrentaram uma «odisseia» para chegar a casa. As cheias e queda de árvores afetaram estradas e linhas de comboio causando o caos nos transportes e em alguns casos os ventos fortes obrigaram os comboios a interromper viagens, levando os passageiros a terem que sair das carruagens. Muitos britânicos queixaram-se nas redes sociais, dando conta de estarem presos dentro de comboios à horas. «Presa num comboio a cambalear no meio de um tempestade!Gelada!Esfomeada! Pés molhados! Mandem ajuda!».





A ajuda demora, mas chega. O sol também chegará.
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